São Paulo, domingo, 30 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRIME NA UNIVERSIDADE

Instituto no campus do Butantã bloqueia entradas depois das 18h para conter ação de assaltantes

Furtos mudam acesso à química da USP

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

LUIZA DE ANDRADE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma onda de furtos e arrombamentos preocupa quem freqüenta o Instituto de Química da USP (zona oeste de São Paulo) e altera a rotina daqueles que estudam à noite, já que boa parte dos acessos passou a ser fechada às 18h.
Entre janeiro e março deste ano, foram registradas 13 ocorrências no local, um crescimento de 86% em relação ao mesmo período de 2005. Além disso, os crimes se sofisticaram. Alvos do ano passado, guardas-chuva, relógios e bicicletas foram substituídos por computadores, celulares e carros.
Estatísticas da USP sugerem que, pelo menos dentro do campus Butantã, a escalada de insegurança no 1º trimestre de 2006 esteve restrita aos 12 blocos do Instituto de Química.
Os furtos simples (13) e com arrombamento (35) registrados, em toda a área, nos 90 primeiros dias do ano, são compatíveis com os totais de 2004 (79 e 207, respectivamente) e 2005 (41 e 228). Mas relatos de estudantes mostram que o quadro pode não ser tão localizado (leia mais ao lado).
O diretor de operações da USP, Ronaldo Pena, disse que os seis furtos na Química em março representaram "uma situação pontual, já interrompida". "O instituto é muito aberto, o que o torna vulnerável", falou Pena. "É uma das áreas que precisam de segurança eletrônica [alarmes] emergencialmente porque o número de vigias é reduzido."
Cientes disso, a aluna da pós-graduação Vanessa Falcão, 26, evita ficar sozinha e mantém a porta do laboratório de bioquímica trancada à noite, quando está fazendo pesquisas. "Era para ter um prédio exclusivo de aula e outro de pós-graduação [laboratórios]", diz Vanessa, que acredita que a medida ajudaria no controle fluxo de pessoas no complexo.
Priscilla Godoi, do quinto semestre da graduação, defende a idéia e aponta outras deficiências no controle do acesso e da circulação pela unidade. "Os crachás são facilmente falsificados, as portas, arrombadas, e as câmeras [do circuito interno] não identificam as pessoas", fala Priscilla.
A apresentação obrigatória de crachás é uma das mudanças implementadas pelo diretor do instituto, Hernan Chaimovich, em reação ao aumento de furtos. A lista inclui a melhoria na iluminação, a poda das árvores e a instalação de arame farpado nos fundos do complexo, possível rota de fuga dos ladrões.
Além das obras nos fundos, o número de vigias no instituto e no entorno foi aumentado de 14 para 16, e a direção contatou empresas especializadas para elaborar um plano de segurança, que deve ficar pronto em maio.
Queria evitar que cada um tomasse sua medida particular, o que desarticula a comunidade. A segurança é um problema coletivo", disse o diretor, que ainda defende que o aumento das ocorrências no instituto tem raiz fora do campus. "A Cidade Universitária sofre um reflexo do aumento da violência na cidade [São Paulo]", falou Chaimovich.


Texto Anterior: Momentos
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.