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CRIME NA UNIVERSIDADE
Instituto no campus do Butantã bloqueia entradas depois das 18h para conter ação de assaltantes
Furtos mudam acesso à química da USP
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
LUIZA DE ANDRADE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma onda de furtos e arrombamentos preocupa quem freqüenta o Instituto de Química da USP
(zona oeste de São Paulo) e altera
a rotina daqueles que estudam à
noite, já que boa parte dos acessos
passou a ser fechada às 18h.
Entre janeiro e março deste ano,
foram registradas 13 ocorrências
no local, um crescimento de 86%
em relação ao mesmo período de
2005. Além disso, os crimes se sofisticaram. Alvos do ano passado,
guardas-chuva, relógios e bicicletas foram substituídos por computadores, celulares e carros.
Estatísticas da USP sugerem
que, pelo menos dentro do campus Butantã, a escalada de insegurança no 1º trimestre de 2006 esteve restrita aos 12 blocos do Instituto de Química.
Os furtos simples (13) e com arrombamento (35) registrados, em
toda a área, nos 90 primeiros dias
do ano, são compatíveis com os
totais de 2004 (79 e 207, respectivamente) e 2005 (41 e 228). Mas
relatos de estudantes mostram
que o quadro pode não ser tão localizado (leia mais ao lado).
O diretor de operações da USP,
Ronaldo Pena, disse que os seis
furtos na Química em março representaram "uma situação pontual, já interrompida". "O instituto é muito aberto, o que o torna
vulnerável", falou Pena. "É uma
das áreas que precisam de segurança eletrônica [alarmes] emergencialmente porque o número
de vigias é reduzido."
Cientes disso, a aluna da pós-graduação Vanessa Falcão, 26,
evita ficar sozinha e mantém a
porta do laboratório de bioquímica trancada à noite, quando está
fazendo pesquisas. "Era para ter
um prédio exclusivo de aula e outro de pós-graduação [laboratórios]", diz Vanessa, que acredita
que a medida ajudaria no controle fluxo de pessoas no complexo.
Priscilla Godoi, do quinto semestre da graduação, defende a
idéia e aponta outras deficiências
no controle do acesso e da circulação pela unidade. "Os crachás são
facilmente falsificados, as portas,
arrombadas, e as câmeras [do circuito interno] não identificam as
pessoas", fala Priscilla.
A apresentação obrigatória de
crachás é uma das mudanças implementadas pelo diretor do instituto, Hernan Chaimovich, em
reação ao aumento de furtos. A
lista inclui a melhoria na iluminação, a poda das árvores e a instalação de arame farpado nos fundos
do complexo, possível rota de fuga dos ladrões.
Além das obras nos fundos, o
número de vigias no instituto e no
entorno foi aumentado de 14 para
16, e a direção contatou empresas
especializadas para elaborar um
plano de segurança, que deve ficar
pronto em maio.
Queria evitar que cada um tomasse sua medida particular, o
que desarticula a comunidade. A
segurança é um problema coletivo", disse o diretor, que ainda defende que o aumento das ocorrências no instituto tem raiz fora
do campus. "A Cidade Universitária sofre um reflexo do aumento
da violência na cidade [São Paulo]", falou Chaimovich.
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