São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2008 |
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GILBERTO DIMENSTEIN A comunidade dos pindaíbas O seu trabalho é garimpar as atividades culturais gratuitas ou de preço popular em SP e divulgá-las no site
SÉRGIO BENI LUFTGLAS imaginou que talvez pudesse tirar
proveito de seu maior problema -o de viver na pindaíba, contando os centavos para pagar as contas,
mas gostar de atividades culturais.
Daí veio a inspiração de ganhar dinheiro dando dicas para quem, como ele, também não tinha dinheiro
para ir a shows, peças de teatro, concertos e cinema. Nascia, assim, a comunidade virtual dos pindaíbas. O pai de Sérgio, um sobrevivente de campo de concentração da Polônia, foi desenganado pelos médicos, situação que o forçou a voltar para São Paulo. "Não tinha como ficar cuidando de alguém lá fora, enquanto meu pai precisava de cuidados." Estava, mais uma vez, sem emprego e ia pegando o que lhe aparecia pela frente. Fez alguns papéis de figuração em filmes, mas o trabalho era incerto e o cachê era baixo. A inspiração de uma fonte de renda surgiu de uma brincadeira. Criou no Orkut a comunidade dos "duros". O sucesso animou-o a fazer disso um negócio. Sérgio chamou dois amigos de adolescência (Ivo Hudler e Mauro Skujis) e, há seis meses, colocou no ar o endereço www.pindaiba.com.br. Seu trabalho é garimpar as atividades culturais gratuitas ou de preço popular na cidade de São Paulo e divulgá-las no site. "O paulistano esperto consegue ter uma vida cultural de bom nível sem colocar a mão no bolso." Resolveu enveredar também por outras áreas além das culturais. Dá dicas de quem quer viajar usando promoções do tipo passagem de avião por R$ 1 e faz incursões culinárias. Elegeu o omelete um dos pratos de quem chega em casa e tem pouco para comer, mas aprecia certo refinamento. Os internautas de seu site divulgam as mais diferentes receitas de omelete. Nestes seis meses, o site já conseguiu dois pequenos anunciantes. "Dá apenas para pagar os custos." Até agora, nenhum dos sócios conseguiu ganhar dinheiro. Não se pode dizer que eles não dão o exemplo de como viver na pindaíba. A Sérgio resta, pelo menos, o consolo de não ser figurante, mas protagonista. "Sou um pindaíba com status jornalístico", brinca. gdimen@uol.com.br Texto Anterior: Falta médico nas regiões Norte e Nordeste do país, diz estudo Próximo Texto: A cidade é sua: Leitora diz que exame trocado provocou erro em prescrição Índice |
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