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Censo traça perfil de morador de rua no país
Pesquisa em 71 cidades mostra que homens são maioria; alcoolismo e drogas os levaram a esse tipo de vida
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Excluídos dos censos demográficos, os moradores de rua,
em sua maioria, são homens
pardos entre 25 e 44 anos, com
o ensino fundamental incompleto e que entraram nesse tipo
de vida por conta do alcoolismo
ou de outro tipo de droga. Em
geral, eles estão há mais de cinco anos nas ruas.
Os dados fazem parte de uma
pesquisa encomendada pelo
Ministério do Desenvolvimento Social e pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura) ao Instituto Meta. As
entrevistas ocorreram entre
agosto de 2007 e março deste
ano, em 71 municípios.
Entre as capitais, São Paulo,
Belo Horizonte, Porto Alegre e
Recife ficaram de fora, por já terem, segundo o ministério, levantamentos a respeito.
O público-alvo da pesquisa
foram as pessoas, acima de 18
anos, consideradas em "situação de rua".
Os pesquisadores contaram
com o apoio de movimentos sociais durante as entrevistas.
Apesar disso, 13,3% dos abordados não quiseram responder
à pesquisa. "A população de rua
hoje é tratada como bicho",
afirma o ex-morador de rua Anderson Miranda, 32, da coordenação do MNPR (Movimento
Nacional da População de Rua).
De acordo com a pesquisa,
feita por amostragem, 38,9%
dos moradores de rua não mantêm nenhum tipo de contato
com familiares. A pesquisa revelou ainda que 58,6% dos moradores de rua declararam ter
algum tipo de profissão, sendo
27,5% deles catadores de materiais recicláveis. Atualmente,
97% deles não trabalham com
carteira assinada.
Na pesquisa, chama a atenção o fato de 19% dos entrevistados declararem não ter acesso a pelo menos uma refeição
diária. Cerca de um quarto deles (24,8%) não possuem nenhum tipo de documento de
identificação e 29,7% dizem ter
algum tipo de problema de saúde. No campo da higiene, 32,6%
afirmaram que usam a rua como banheiro.
"A pesquisa possui elementos para que possamos detalhar
ações para essa população",
disse a secretária-executiva do
Ministério do Desenvolvimento Social, Arlete Sampaio. Hoje,
88,5% dos moradores de rua
não têm acesso a programas governamentais.
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