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Inquérito do caso Isabella tem entrega adiada
Polícia decidiu atrasar, apesar de já estarem prontos, a entrega do inquérito e do pedido de prisão preventiva contra o casal
A Folha apurou que o objetivo é realizar hoje
um megaevento para a imprensa no qual serão apresentadas as conclusões
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil de São Paulo
adiou ontem a entrega do inquérito policial sobre a morte
de Isabella Nardoni, 5, e do pedido de prisão preventiva contra o casal Alexandre Nardoni e
Anna Carolina Jatobá -pai e
madrasta da menina.
O motivo, segundo a Folha
apurou, é a intenção de realizar
hoje um megaevento para a imprensa, no qual serão apresentadas as conclusões.
Tanto o inquérito policial
quanto o pedido de prisão preventiva do casal estão prontos
desde a manhã de ontem e foram finalizados pela delegada
Renata Helena Pontes, do 9º
Distrito Policial (Carandiru). A
cúpula da Polícia Civil, porém,
intercedeu para que os documentos não fossem entregues
no cartório do 2º Tribunal do
Júri, no fórum de Santana (zona norte de São Paulo).
O motivo do adiamento da
entrega dos documentos foi o
receio de que o relatório final
-com as conclusões dos policiais do 9º DP sobre a responsabilidade do casal na morte de
Isabella e as alegações para o
pedido de prisão preventiva-
fosse revelado pela imprensa
antes da realização da entrevista, prevista para hoje à tarde.
O promotor do caso, Francisco José Taddei Cembranelli,
afirmou na tarde de ontem que
conversou com Renata Pontes
e que a delegada disse que ainda redigia o relatório.
Aproximadamente uma hora
após a declaração do promotor,
a Secretaria da Segurança Pública confirmou à Folha que os
documentos sobre a morte de
Isabella estavam prontos e que
a delegada havia optado por fazer uma revisão do relatório final e do pedido de prisão. Oficialmente, a pasta nega que o
adiamento da entrega tenha
vínculo com a entrevista.
A Folha apurou que existe
uma disputa interna na polícia
para definir quem conduzirá a
coletiva sobre o caso.
De um lado, está o delegado-geral da Polícia Civil, Maurício
José Lemos Freire, que não falou nenhuma vez sobre o caso e
queria que o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) investigasse a
morte de Isabella. Do outro está o delegado Aldo Galiano Júnior, chefe do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da
Capital), que insistiu para que
o 9º DP ficasse com o caso.
O relatório final da polícia
sobre a morte de Isabella, principal peça para o pedido de prisão preventiva, a ser entregue
hoje à Justiça, terá como base
para apontar o casal como responsável pela morte os laudos
produzidos por peritos do IC
(Instituto de Criminalística) e
de médicos legistas do IML
(Instituto Médico Legal).
Com base no artigo 312 do
Código de Processo Penal, a
polícia sustentará no pedido de
prisão preventiva que os laudos
são os principais indícios de
autoria do homicídio triplamente qualificado contra Isabella - motivo fútil, meio cruel
e impossibilidade de defesa.
Também constarão alegações sobre a gravidade do crime e citações sobre o "clamor
público" causado pela morte da
menina. O artigo 312 fala em
garantia da ordem pública.
Para o ex-juiz Luiz Flávio
Gomes, que presidiu mais de
300 julgamentos de assassinato e é doutor em direito penal
pela Universidade Complutense de Madri e mestre em direito penal pela USP (Universidade de São Paulo), as alegações
da polícia não servem para que
a Justiça decrete a prisão.
Conforme a Folha revelou
dia 16, a polícia concluiu que
Isabella foi jogada pelo pai. Antes, segundo a versão policial
que será apresentada hoje à
Justiça, a menina foi agredida
pela madrasta e sofreu uma
tentativa de asfixia.
(ANDRÉ CARAMANTE E LUIS KAWAGUTI)
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