São Paulo, quinta-feira, 30 de abril de 2009

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De cada 10 alunos de escolas técnicas "top", 6 vêm da rede privada

Relação candidato/vaga no "vestibulinho" de escola técnica pública em São Paulo fica próxima da enfrentada por quem tentou medicina

Melhores da cidade são o IFSP e a ETE; para passar na seleção, muitos estudantes fizeram cursinhos preparatórios pagos


TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Seis de cada dez alunos das duas melhores escolas técnicas da cidade de São Paulo estudaram em colégios particulares. Para entrar nas técnicas, passaram por uma espécie de "vestibulinho", quase tão concorrido quanto o vestibular para o curso de medicina da USP.
Muitos, inclusive, fizeram cursinhos preparatórios pagos em instituições especializadas.
A seleção é um dos fatores apontados pelo IFSP -Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, que até 2008 era chamado de Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo (Cefet)- e pela ETE-SP (Escola Técnica Estadual de São Paulo) para o bom desempenho obtido no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
A primeira ficou em quarto lugar no ranking de escolas da capital e a segunda, em nono.
O aluno Murilo Grosckitz Almeida, 17, por exemplo, só estudou em colégios particulares até o último ano do ensino fundamental. Ele cursa o último ano do ensino médio na ETE.
No ano que vem, pretende cursar engenharia na Escola Politécnica da USP, cuja relação candidato/vaga, 15, foi próxima da apresentada pela escola técnica (10).
Na ETE-SP, apenas 30% dos 560 alunos (160 do último ano) fazem junto com o ensino médio algum dos cursos técnicos oferecidos pela escola.
Todos têm acesso, no entanto, à mesma estrutura: quatro laboratórios de informática, cinco de eletrônica e um multidisciplinar (para aulas de biologia, física e química), além de uma biblioteca com 26 mil exemplares, que é "padrão internacional", diz o diretor Carlos Augusto de Maio.
Na melhor escola estadual de ensino regular (não técnico) do ranking da capital, a Maestro Fabiano Lozano (zona sul), a biblioteca tem 3.000 livros.
No IFSP, a relação candidato/vaga do ensino médio não profissionalizante foi de 30,1 em 2007, último ano em que a instituição aceitou novos estudantes para o ensino médio regular. Essa média é quase igual à apresentada pelo curso de medicina da USP (34,97).
Como 60% dos alunos do IFSP (incluindo todos os cursos), assim como os da ETE-SP, são oriundos de escolas particulares, o instituto passou a adotar desde o último vestibulinho uma espécie de bonificação para os alunos de escola pública -eles têm 10% de acréscimo na média final. O ETE-SP faz isso desde 2005.


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