São Paulo, domingo, 30 de maio de 2004

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SEGURANÇA

Agentes penitenciários e PMs reformados foram feitos reféns; amotinados são ligados ao Comando Vermelho

Após fuga, presídio tem rebelião no Rio

Fabio Gonçalves/Agência O Dia
Policial armado no entorno da Casa de Custódia de Benfica, onde presos fugiram ontem de manhã


MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

A rebelião que se seguiu à fuga de 17 presos no começo da manhã de ontem prosseguiu até o começo da noite na Casa de Custódia de Benfica (zona norte do Rio). Por volta das 19h, a Secretaria de Administração Penitenciária suspendeu as negociações com os rebelados. O processo deve ser retomado na manhã de hoje.
De acordo com a polícia, o conflito inicial deixou oito feridos, sendo cinco presos e três policiais, e 26 pessoas foram feitas reféns pelos amotinados. A cadeia foi inaugurada há três meses e atualmente abriga 900 presos.
A polícia informou no final da tarde que dois dos reféns foram liberados pelos presos. Dos fugitivos, apenas três haviam sido recapturados até aquele momento. Tanto os 24 reféns que permaneciam em poder dos rebelados como os dois que foram liberados eram guardas penitenciários e policiais militares reformados que integram uma cooperativa de prestação de serviços de segurança na casa de custódia.
Segundo a PM, o motim começou por volta das 6h30. Os presos tomaram as armas dos guardas e tentaram fugir por um dos portões da unidade. Os PMs que estavam nas guaritas perceberam a ação e tentaram impedir a fuga.
Houve intenso tiroteio. Alguns presos foram baleados e outros conseguiram fugir. Na fuga, roubaram três carros. Dos três presos recapturados, dois estavam no morro da Mangueira e um no Hospital Geral de Bonsucesso, na zona norte do Rio.
Há informações, não confirmadas pela PM, de que antes da fuga homens armados com fuzis, em vários carros, trocaram tiros com os policiais das guaritas e facilitaram a ação dos presos.
Os presos que não conseguiram fugir atearam fogo em colchões e abriram buracos nas paredes internas da prisão. Os amotinados são vinculados à facção criminosa Comando Vermelho.
A Casa de Custódia e ruas próximas foram cercadas pelas polícias civil e militar. Representantes do governo estadual lideraram as negociações com os rebelados.
O tiroteio teve reflexo nas ruas adjacentes à Casa de Custódia. Pelo menos três casas, um carro e o telhado de um bar foram atingidos por tiros. Do lado de fora da unidade o clima era de apreensão.
Mulheres de presos formavam uma roda e faziam orações pedindo que o motim acabasse. À tarde, uma delas, Cláudia Regina Vieira, 37, chegou a tirar parte da roupa em protesto, segundo ela, contra a falta de informações oficiais.
A Casa de Custódia tem capacidade para 1.300 presos, mas hoje reúne cerca de 900. No mesmo prédio fica a carceragem do Ponto Zero, que abriga os presos com curso superior, como o ex-deputado Sergio Naya, o fiscal Rodrigo Silveirinha Corrêa e envolvidos no escândalo do Propinoduto.

Mais fuga
Na madrugada de ontem, 13 menores fugiram da escola João Luís Alves, na Ilha do Governador (zona norte), um internato para menores infratores.
Segundo a polícia, eles foram ajudados na fuga por traficantes do morro do Barbante, também da Ilha do Governador, ligados ao Comando Vermelho. Os bandidos pularam o muro da escola e obrigaram os seguranças a soltarem os menores.


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