São Paulo, segunda-feira, 30 de maio de 2005

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TERROR DOS PAULISTAS

Suposto líder de quadrilha que realizou 15 ações entre 1994 e 2003 estava foragido desde 1989

Acusado de seqüestros é preso na Argentina

MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES

O argentino Alberto Galvalisi, 52, acusado pela polícia de São Paulo de liderar uma das principais quadrilhas de seqüestradores do Estado, foi preso quinta em Mar del Plata (Argentina).
A quadrilha é suspeita de realizar 15 seqüestros de 1994 a 2003. O grupo usava táticas de guerrilha e tinha ligações com organizações terroristas, segundo a polícia. Para forçar o pagamento do resgate exigido, o bando tirava fotos da vítima com armas na cabeça e mandava para a família.
Galvalisi, que na Argentina usava o nome de Jairo dos Santos, é considerado pelo Denarc (Departamento de Investigações Sobre Narcóticos) um dos líderes, ao lado de Pedro Ciechanovicz, o "Pedrão", de uma das maiores quadrilhas de seqüestradores que atuam do Brasil.
Ciechanovicz foi preso pelo Denarc em fevereiro de 2003. Na ocasião, ele telefonou pedindo aos integrantes do bando que soltassem o empresário João Bertin, 82, dono da rede de frigoríficos Bertin, seqüestrado havia 155 dias.
O argentino, que também teria vínculos com o tráfico de drogas, é suspeito de estar ligado a pelo menos um seqüestro ainda em andamento no interior paulista. Segundo declarações da polícia argentina à imprensa local, a suspeita é que o argentino, que retornou ao país vizinho no ano passado, comandava uma quadrilha de roubos e furtos de carros na Argentina enquanto monitorava seqüestros em curso no Brasil.

Prisões anteriores
O seqüestrador argentino já havia sido preso no Brasil em 1982 por liderar uma quadrinha de traficantes internacionais formada por brasileiros, portugueses e libaneses. Na época, Galvalisi foi acusado pelo seqüestro do empresário Carlos de Oliveira Gonçalves e do estudante Fernando Caetano, filho de um empresário.
Foi condenado a 20 anos de prisão. Em 1986, foi levado para a penitenciária de Piraquara, no Paraná, onde conheceu Ciechanovicz. Galvalisi fugiu da penitenciária em 1989, enquanto Ciechanovicz cumpriu 18 anos de pena em regime semi-aberto e fugiu em 1995.
Entre as vítimas da quadrilha, estão o empresário Roberto Benito Júnior, dono das Lojas Cem, libertado em 30 de janeiro de 2002, no sul de Minas Gerais, após 120 dias seqüestrado. O resgate foi de US$ 800 mil (ou R$ 1,9 milhão).
Segundo publicou anteontem o jornal argentino "Clarín", existem evidências de que o argentino tenha recebido treinamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Galvalisi, procurado na Argentina por contrabando, não resistiu à prisão. O argentino vivia com a esposa, brasileira, e dois filhos em uma casa de alto padrão na zona sul de Mar del Plata.
O acusado não falou com a imprensa local.


Colaborou ALEXANDRE HISAYASU, da Reportagem Local

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