|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ribeirão Preto cria 13º salário para vereadores, prefeito e vice
Remuneração passa a valer no próximo mandato; prefeito é pré-candidato
GEORGE ARAVANIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
A Câmara de Ribeirão Preto
(314 km da capital paulista)
aprovou a criação de décimo
terceiro salário para os vereadores, para o prefeito Welson
Gasparini (PSDB) e para o vice
Paulo Pastori (PTC).
Sancionada pelo prefeito no
último dia 5, a lei foi publicada
apenas ontem no "Diário Oficial" do município. O 13º salário só passará a valer a partir do
próximo mandato. A maior
parte dos 20 vereadores e o
prefeito devem disputar as próximas eleições. O gasto extra
estimado é de R$ 185 mil.
O salário de um vereador é de
R$ 9.288. Os parlamentares
ainda têm direito a verba de gabinete de R$ 16 mil.
Segundo alguns vereadores, a
aprovação ocorreu há cerca de
um mês. Ainda de acordo com
eles, a proposta não estava na
pauta, mas foi incluída pela mesa diretora, autora do projeto,
em regime de urgência.
Na hora da votação, o painel
eletrônico parou de funcionar.
A votação foi feita, então, da seguinte forma: os vereadores
contrários tinham de se levantar, enquanto os favoráveis ficavam sentados.
Parlamentares ouvidos pela
Folha afirmaram que votaram
sem saber do que se tratava.
"Leram a ementa (resumo) e só
soubemos depois", afirmou Fátima Rosa (PT). Bertinho Scandiuzzi (PSDB) disse não se
lembrar se estava na sessão no
dia -nenhum vereador soube
dizer o dia em que o projeto foi
aprovado, só que foi em abril.
Beto Cangussu (PT) disse
que desconfia que a pane no
painel eletrônico pode ter sido
planejada. "Logo depois da votação, o painel voltou a funcionar", afirmou. "Não acredito
muito em coincidência", disse.
Samuel Zanferdini (PMDB)
disse não lembrar de como votou e afirmou que a aprovação
ocorreu de forma confusa.
"Também não percebi o que
estava em votação", afirmou.
O líder da bancada petista,
Jorge Parada, afirmou que vai
estudar o que pode ser feito para reverter a decisão. Até ontem, porém, a bancada nem havia conversado sobre o caso.
Apesar de a maioria dos vereadores ouvidos ter criticado a
forma como foi aprovada a
criação do décimo terceiro, todos se disseram favoráveis,
com exceção de Silvana Resende (PSDB). "Vereador não é
emprego", afirmou.
O professor de direito administrativo da FGV (Fundação
Getúlio Vargas) Carlos Ari
Sundfeld afirmou que a criação
do décimo terceiro para os vereadores desrespeita o princípio da razoabilidade, previsto
no artigo 37 da Constituição.
Sundfeld diz que, apesar de a
Constituição não especificar
em quantas parcelas o vereador pode receber o seu subsídio, a criação do décimo terceiro é visivelmente um aumento.
Texto Anterior: Entrevista: "Contrataria meus filhos", afirma presidente da Casa Próximo Texto: Barbara Gancia: "Obrigado, Zeca Pagodinho" Índice
|