São Paulo, domingo, 30 de maio de 2010

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No Rio, edifícios recorrem à blindagem

Cada vez mais frequente, ideia é proteger prédios de balas perdidas

No centro da cidade, edifício da Petrobras tem fachada com vidros espelhados que resiste até a tiros de fuzil AK-47

FÁBIO GRELLET
DO RIO

À margem da avenida Presidente Vargas, no centro do Rio de Janeiro, um prédio da Petrobras fica a poucos metros de comunidades onde tiroteios entre traficantes, ou entre a polícia e traficantes, são frequentes, como o morro de São Carlos.
Os vidros espelhados da fachada do edifício, no entanto, são blindados - o que significa que resistem até a tiros de fuzil AR-15 ou AK-47.
A Vault, empresa responsável pelo serviço, considera esse prédio a maior obra de blindagem já feita no país: são 1.500 m2 de área blindada, a um custo não revelado.
A partir de informações prestadas pela própria empresa, porém, é possível estimar que o serviço tenha custado mais de R$ 3 milhões. Procurada pela Folha, a Petrobras não se manifestou, alegando se tratar de uma questão de segurança.
A blindagem é cada vez mais comum no Rio. Edifícios como o Fórum da Leopoldina, sede regional do Poder Judiciário em Olaria (na zona norte da cidade), e a Fundação Oswaldo Cruz também recorreram a ela.
A Fiocruz tem uma área blindada de 750 m 2 resistente aos mesmos fuzis, de acordo com a empresa responsável pelo serviço.

MERCADO DE BLINDAGEM
O mercado de blindagem arquitetônica cresce 20% ao ano no país, calcula a Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem). O custo do serviço varia conforme a extensão da área a ser blindada e o nível de proteção usado.
A blindagem mais simples custa cerca de R$ 2.000 por metro quadrado.
São Paulo e Rio, nessa ordem, são as duas cidades onde há mais construções blindadas no país.
"São Paulo blinda mais imóveis, mas apenas determinadas partes deles, como portas e guaritas, necessárias para proteger contra ataques de assaltantes, por exemplo", conta Emerson Mendonça dos Santos, presidente da Câmara de Blindagem Arquitetônica da Abrablin. "Quase toda entrada de condomínio tem algum trecho blindado."
"Já no Rio são blindadas fachadas inteiras de imóveis próximos de comunidades onde há muitos confrontos envolvendo traficantes. O receio é das balas perdidas", afirma Santos.
"Em São Paulo, a maioria dos clientes está ligada a residências. No Rio, a maior parte são empresas, porque pouca gente tem dinheiro para blindar fachadas inteiras", conta Vinícius de Luca, diretor da Vault.
A empresa estima que na capital paulista já existam mais de 15 mil imóveis com portas blindadas.


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