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No Rio, edifícios recorrem à blindagem
Cada vez mais frequente, ideia é proteger prédios de balas perdidas
No centro da cidade, edifício da Petrobras tem fachada com vidros espelhados que resiste
até a tiros de fuzil AK-47
FÁBIO GRELLET
DO RIO
À margem da avenida Presidente Vargas, no centro do
Rio de Janeiro, um prédio da
Petrobras fica a poucos metros de comunidades onde tiroteios entre traficantes, ou
entre a polícia e traficantes,
são frequentes, como o morro de São Carlos.
Os vidros espelhados da
fachada do edifício, no entanto, são blindados - o que
significa que resistem até a tiros de fuzil AR-15 ou AK-47.
A Vault, empresa responsável pelo serviço, considera
esse prédio a maior obra de
blindagem já feita no país:
são 1.500 m2 de área blindada, a um custo não revelado.
A partir de informações
prestadas pela própria empresa, porém, é possível estimar que o serviço tenha custado mais de R$ 3 milhões.
Procurada pela Folha, a Petrobras não se manifestou,
alegando se tratar de uma
questão de segurança.
A blindagem é cada vez
mais comum no Rio. Edifícios como o Fórum da Leopoldina, sede regional do Poder Judiciário em Olaria (na
zona norte da cidade), e a
Fundação Oswaldo Cruz
também recorreram a ela.
A Fiocruz tem uma área
blindada de 750 m 2 resistente
aos mesmos fuzis, de acordo
com a empresa responsável
pelo serviço.
MERCADO DE BLINDAGEM
O mercado de blindagem
arquitetônica cresce 20% ao
ano no país, calcula a Abrablin (Associação Brasileira
de Blindagem). O custo do
serviço varia conforme a extensão da área a ser blindada
e o nível de proteção usado.
A blindagem mais simples
custa cerca de R$ 2.000 por
metro quadrado.
São Paulo e Rio, nessa ordem, são as duas cidades onde há mais construções blindadas no país.
"São Paulo blinda mais
imóveis, mas apenas determinadas partes deles, como
portas e guaritas, necessárias para proteger contra ataques de assaltantes, por
exemplo", conta Emerson
Mendonça dos Santos, presidente da Câmara de Blindagem Arquitetônica da Abrablin. "Quase toda entrada de
condomínio tem algum trecho blindado."
"Já no Rio são blindadas
fachadas inteiras de imóveis
próximos de comunidades
onde há muitos confrontos
envolvendo traficantes. O receio é das balas perdidas",
afirma Santos.
"Em São Paulo, a maioria
dos clientes está ligada a residências. No Rio, a maior parte são empresas, porque pouca gente tem dinheiro para
blindar fachadas inteiras",
conta Vinícius de Luca, diretor da Vault.
A empresa estima que na
capital paulista já existam
mais de 15 mil imóveis com
portas blindadas.
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