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Metrô faz Faria Lima rica "engolir" trecho pobre
Comércio popular dará vez a prédio comercial
RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO
Há 20 anos ao lado da Faria Lima, o salão J. Franca,
corte unissex a R$ 10, já avisou aos clientes e amigos: até
dezembro, baixa as portas.
Cláudia Calçados, Mega
Real, Ibi, Princesa de Pinheiros, FNA Moda e um bar sem
nome terão o mesmo destino.
O comércio popular não
tem mais dinheiro para bancar os aluguéis no entorno da
avenida Faria Lima (zona
oeste de SP), supervalorizada pela chegada do metrô.
O fenômeno é claro: a Faria Lima rica começou a engolir a pobre. Em até quatro
anos, prédios de escritório tomarão o lugar ocupado por
lojas populares. O largo da
Batata ganhará outro perfil.
A Mega Real, que vende
quase tudo a R$ 1, sairá em
novembro. Uma construtora
comprou o imóvel -e o dos
fundos- por R$ 5 milhões.
O inquilino Rodrigo Cury,
34, não pôde fazer nada.
"Saiu por R$ 10 mil o metro
quadrado. Não dá para competir." Cinco anos atrás, custava um quarto disso. Cury
paga R$ 3.000 de aluguel e,
agora, caça um novo ponto.
Construtoras compraram
mais 16 imóveis. Três deles
-loja de calçados e dois bares- fecharam no início do
ano. Em Pinheiros, foram nove quarteirões adquiridos.
Alguns comerciantes ainda negociam indenização
com as construtoras, pelo
contrato de aluguel em vigor.
É o caso da padaria Princesa de Pinheiros, três décadas
na praça João Nassar. Apontadas como compradoras na
região, Cyrela e Engeform
não se manifestaram.
Foi em 2008 que o largo da
Batata começou a se transformar, com obras de "reconversão urbana" da prefeitura. O serviço deve acabar em
dezembro próximo e custará
R$ 100 milhões.
A prefeitura disse que agirá contra os camelôs ilegais
dali. Com os legalizados, ainda não sabe o que fazer.
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