São Paulo, domingo, 30 de maio de 2010

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Metrô faz Faria Lima rica "engolir" trecho pobre

Comércio popular dará vez a prédio comercial

RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO

Há 20 anos ao lado da Faria Lima, o salão J. Franca, corte unissex a R$ 10, já avisou aos clientes e amigos: até dezembro, baixa as portas.
Cláudia Calçados, Mega Real, Ibi, Princesa de Pinheiros, FNA Moda e um bar sem nome terão o mesmo destino.
O comércio popular não tem mais dinheiro para bancar os aluguéis no entorno da avenida Faria Lima (zona oeste de SP), supervalorizada pela chegada do metrô.
O fenômeno é claro: a Faria Lima rica começou a engolir a pobre. Em até quatro anos, prédios de escritório tomarão o lugar ocupado por lojas populares. O largo da Batata ganhará outro perfil.
A Mega Real, que vende quase tudo a R$ 1, sairá em novembro. Uma construtora comprou o imóvel -e o dos fundos- por R$ 5 milhões.
O inquilino Rodrigo Cury, 34, não pôde fazer nada. "Saiu por R$ 10 mil o metro quadrado. Não dá para competir." Cinco anos atrás, custava um quarto disso. Cury paga R$ 3.000 de aluguel e, agora, caça um novo ponto.
Construtoras compraram mais 16 imóveis. Três deles -loja de calçados e dois bares- fecharam no início do ano. Em Pinheiros, foram nove quarteirões adquiridos.
Alguns comerciantes ainda negociam indenização com as construtoras, pelo contrato de aluguel em vigor.
É o caso da padaria Princesa de Pinheiros, três décadas na praça João Nassar. Apontadas como compradoras na região, Cyrela e Engeform não se manifestaram.
Foi em 2008 que o largo da Batata começou a se transformar, com obras de "reconversão urbana" da prefeitura. O serviço deve acabar em dezembro próximo e custará R$ 100 milhões.
A prefeitura disse que agirá contra os camelôs ilegais dali. Com os legalizados, ainda não sabe o que fazer.


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