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PF investiga prostituição de garotas de TV
Esquema descoberto pela Polícia Federal pagava até R$ 20 mil para dançarinas e modelos se prostituírem
Escutas revelam que mulheres eram levadas inclusive para outros países onde realizavam programas sexuais
FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
O cliente do Paraná liga e
diz que quer sair com "alguém consagrado". A agenciadora cita os nomes de uma
modelo, de uma dançarina
de um programa de TV, de
uma ex-capa de revista masculina. E lista os preços: R$
6.000, R$ 4.000...
Em outra ligação, uma famosa assistente de palco de
TV relata a uma agenciadora
detalhes do programa que
lhe rendeu R$ 10 mil.
Diálogos interceptados pela Polícia Federal mostram
que uma rede de prostituição
de luxo, descoberta em uma
operação de 2009, intitulada
Harém, cooptou modelos,
atrizes e dançarinas de programas de TV, oferecendo
cachês de até R$ 20 mil.
A Operação Harém chegou
a ser divulgada pela PF no
ano passado, mas agora a
Folha teve acesso às escutas
que mostram detalhes do filão mais lucrativo da quadrilha: o das "famosas" da TV e
de revistas. E também de
seus principais clientes: políticos, empresários e jogadores de futebol.
Em uma das gravações,
um agenciador diz que um
governador está interessado
em uma dançarina de um
programa de TV. Outra aliciadora diz que não seria
possível, pois ela estava "namorando um playboyzinho".
Em outra escuta, uma
paulista que já posou várias
vezes para revistas masculinas e é destaque de escolas
de samba foi enviada à França pelo grupo para atender a
um jogador de futebol francês. Ganhou R$ 6.000.
O preço mais alto discutido pelos agenciadores grampeados pelos agentes da Polícia Federal foi de cerca de
R$ 20 mil. Eles negociaram
uma a noite com uma mulher casada e com filhos.
Nas escutas, os aliciadores
citam também muitas mulheres que consideram impossíveis ou difíceis de serem cooptadas pela rede de
prostituição de luxo.
INVESTIGAÇÃO
Das 12 mulheres indicadas
como testemunhas de acusação pelo Ministério Público,
três frequentam as telas da
TV e duas já foram capa de
revistas masculinas.
O caso da modelo que foi
para França foi usado nos relatórios da PF para comprovar que os aliciadores cometeram crimes de tráfico internacional de pessoas para exploração sexual.
De acordo com a PF, o esquema era liderado por Yzamak Amaro da Silva, conhecido como "Mazinho", e Luiz
Carlos Oliveira Machado, o
"Luiz da Paulista".
Ao todo, 11 pessoas foram
denunciadas à Justiça por
quatro crimes ligados à exploração da prostituição,
além de formação de quadrilha. As penas podem chegar
a 26 anos de prisão.
O processo criminal do caso está na fase de depoimento de testemunhas.
Como a prostituição não é
crime, nem as garotas nem os
clientes foram denunciados,
e a Folha decidiu não publicar seus nomes.
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