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AIDS
Estudo feito em cidades de SP mostra que, no geral, informação deixa adolescente mais tranqüilo e melhora a adesão ao tratamento
Projeto ensina a "cuidar" de jovem com HIV
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Dez anos atrás, a sobrevida mediana das crianças que nasciam
com HIV/Aids era de 14 meses.
Agora, passa dos dez anos. O mais
velho já fez 19 e dezenas estão entre 15 e 17. A notícia não poderia
ser melhor, mas traz embutido
um desafio que ainda não foi resolvido: como lidar com crianças
cujo destino era a morte e que estão se tornando adolescentes?
Ainda não há um consenso nem
cartilhas dizendo como e quando
contar a uma criança que está infectada, nem como "ensinar" a
um adolescente como e quando
contar à namorada que tem Aids.
Perguntas como essas começam
a ser respondidas após dois anos
pelo projeto ECI-Brasil (Enhancing Care Initiative), coordenado
pelo Harvard Aids Institute e
François-Xavier Bagnoud Center
for Health and Human Rights, da
Harvard School of Public Health,
com apoio da Fundação Merck.
Do projeto, participaram 11 pesquisadores brasileiros que utilizaram pesquisas qualitativas com
jovens com HIV/Aids e "cuidadores", pais, professores e equipes
de saúde, de várias cidades paulistas. O resultado foi divulgado ontem e deverá ser tomado como referência pelo Ministério da Saúde
para profissionais que trabalham
com jovens vivendo com HIV.
No país, foram notificados, desde 1980, 6.566 casos de Aids entre
jovens de 13 a 19 anos -metade
morreu. A Coordenação Nacional
de Aids estima que 10 mil jovens
nessa idade sejam portadores do
HIV e a maioria não sabe. "O ideal
é que a criança seja informada
quando começa a ser alfabetizada
e a fazer perguntas", diz Heloisa
Marques, que é do Instituto da
Criança e participou da pesquisa.
O estudo destaca a importância
da negociação entre a família e o
médico. Os relatos mostram que,
no geral, a informação sempre
deixa o jovem e os "cuidadores"
mais tranqüilos e melhora a adesão ao tratamento.
Outra angústia comum é saber
se poderão ou não ter filhos. Os
riscos para o bebê já podem ser
minorados e há a possibilidade da
reprodução assistida e da "lavagem" do esperma, mas que, por
enquanto, só é feita fora do país.
"Desse trabalho sairá a formulação de uma política que deverá
sempre associar a saúde aos direitos humanos", diz José Ricardo
Ayres, da Faculdade de Medicina
da USP e coordenador do projeto.
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