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Garotinho restringe polícia em favela
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de três casos nos últimos
15 dias em que policiais são suspeitos de matarem moradores em
favelas, a Secretaria Estadual de
Segurança Pública do Rio decidiu
baixar ontem resolução determinando que todas as incursões policiais em morros ou favelas sejam
feitas com autorização expressa
de um comandante ou oficial de
um batalhão da PM e de um delegado (no caso da Polícia Civil).
O secretário Anthony Garotinho anunciou ainda a criação de
uma comissão de avaliação técnico-operacional que ficará encarregada de investigar os casos de
mortes de civis em confronto com
a polícia. A comissão terá a participação da Inspetoria Geral de
Polícia e das corregedorias internas da PM e da Polícia Civil.
A medida, diz Garotinho, pretende identificar se os policiais cometeram abusos ou assassinatos
com a vítima indefesa. Desde janeiro de 2003, 1.589 pessoas foram mortas em confrontos com a
polícia no Estado. O último caso
ocorreu anteontem na favela Vila
Cruzeiro (zona norte). Walter
Landy Chery, 17, foi morto com
um tiro na cabeça. Os moradores
acusam PMs. A polícia nega e diz
que a vítima pertencia ao tráfico.
No último sábado, Wilton Cesário da Silva, 13, foi morto com um
tiro na cabeça no morro da Pedreira (zona norte). Testemunhas
identificaram anteontem três
PMs que teriam supostamente
participado da incursão que resultou na morte do rapaz.
Segundo a polícia, a operação
não era oficial. Seis PMs estão presos administrativamente e deverão ser soltos hoje caso não haja
provas técnicas contra eles.
Garotinho disse que já era dever
dos policiais informar aos seus
superiores sobre incursões, mas
que muitos não o fariam. Agora, a
autorização terá que ser feita por
escrito. "Os comandantes e oficiais de batalhão e os delegados
serão os responsáveis pelos êxitos
ou fracassos nas operações."
O presidente da Comissão de
Direitos Humanos da Assembléia
Legislativa do Rio, deputado Geraldo Moreira, disse que investiga
32 casos em que policiais são suspeitos de matarem inocentes.
O presidente da Associação de
Cabos e Soldados da Polícia Militar, Vanderlei Ribeiro, disse ser
contra as novas medidas.
"A polícia vai ficar mais fragilizada e as organizações criminosas
ficarão mais estimuladas para
partir para o confronto."
A secretaria anunciou ainda a
demissão ontem de 13 policiais civis com base em denúncias ao
programa da secretaria Linha Direta. Segundo Garotinho, os principais crimes cometidos por eles
foram extorsão e roubos e furtos
de automóveis. Ele afirmou que
há cerca de cem policiais presos
por desvio de conduta.
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