São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2006

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Escutas revelam o novo plano do PCC

Cinco agentes de prisão em Presidente Venceslau, onde está parte da liderança do grupo, são os alvos dos criminosos

Tropa de Choque entrou na penitenciária de Presidente Bernardes para conter tumulto e apreendeu facas improvisadas feitas de vidro

L.C. Leite/Folha Imagem
Diante da falta de funcionários, agentes do GIR fazem guarda no CDP de Parelheiros, em São Paulo


ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE PRUDENTE

Escutas telefônicas obtidas pela polícia de São Paulo revelaram a existência de um plano do PCC (Primeiro Comando da Capital) para matar cinco funcionários da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de SP), onde estão isolados cerca de 400 líderes da facção.
Logo após a descoberta do plano, o Comando Geral da Polícia Militar começou a preparar uma ação para tentar se antecipar ao ataque. O ônibus que transporta os agentes só circula com escolta desde segunda.
Desde 11 de maio, um dia antes do início da onda de ataques do PCC contra as forças de segurança, lideranças da facção estão na P2, onde são submetidas a um regime rigoroso: têm direito a uma hora de banho de sol por dia, só recebem visitas dentro das celas e ficam sob a mira constante de armas.
A ordem do PCC para matar os cinco funcionários da P2 seria uma forma de represália ao regime imposto no presídio e de vingar a morte de 13 pessoas que, na segunda, foram surpreendidas pela polícia minutos antes de uma pretensa tentativa de ataque contra agentes prisionais em São Bernardo.
A determinação para os assassinatos partiu, segundo autoridades de Presidente Venceslau ouvidas ontem pela Folha, de dentro da própria prisão onde trabalham os agentes.
A direção do presídio reuniu ontem à noite todos os funcionários para traçar uma estratégia de segurança. Havia duas hipóteses de ação: uma seria fazer com que os agentes seguissem uma rotina e fossem "iscas" para que a PM agisse. A outra seria a remoção de agentes e seus parentes da região.

Facas em Bernardes
Ontem à tarde, a Tropa de Choque da PM entrou no CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes, considerado uma das prisões mais seguras do país, para revistar celas e apreender facas feitas com pedaços de vidro das janelas, até então tidas como inquebráveis.
A PM foi acionada porque os presos fizeram um tumulto em solidariedade ao líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, isolado desde 13 de maio na unidade.
A Folha apurou que o tumulto começou por volta das 15h30, quando dois promotores chegaram ao local para ouvir Marcola sobre a morte do bombeiro João Alberto da Costa, uma das vítimas da onda de ataques em maio. Marcola foi denunciado pelo Ministério Público como mandante do crime, com base em depoimento de um dos suspeitos. Ele não foi ouvido, pois seus advogados não compareceram.
Logo depois de Marcola ter sido retirado da cela para se encontrar com os promotores, os detentos começaram a bater nas portas de aço e a gritar, ameaçando os agentes.
Alguns detentos conseguiram quebrar vidros. O GIR (Grupo de Intervenção Rápida), formado por agentes penitenciários treinados para controlar motins, começou a vistoriar as celas e recolheu alguns pedaços de vidro. A SAP não confirmou o tumulto.


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