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Tribunal manda Suzane de volta à prisão
STJ cassou a liminar que permitia que a ré confessa da morte dos pais pudesse aguardar julgamento em prisão domiciliar
Ministro considerou que a liberdade da jovem era uma ameaça para a segurança do irmão, Andreas, que é uma das testemunhas no caso
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O STJ (Superior Tribunal de
Justiça) determinou ontem o
retorno de Suzane von Richthofen ao presídio e cassou a liminar que lhe havia assegurado
o direito de ficar em prisão domiciliar enquanto aguarda o
julgamento por tribunal do júri, previsto para 17 de julho. Na
noite de ontem, ela foi levada à
prisão em Rio Claro (175 km de
SP), onde já esteve presa.
Por 3 votos contra 1, a 6ª Turma do STJ negou a solicitação
de liberdade de Suzane e ordenou a sua volta à prisão. A votação foi o julgamento definitivo
do habeas corpus movido pelos
advogados, que, de maneira liminar (provisória), havia permitido a saída dela da cadeia,
no dia 29 de maio deste ano.
O único voto pela revogação
da prisão preventiva e concessão de liberdade provisória foi
do relator do caso, ministro
Nilson Naves, que há um mês
havia concedido a liminar que
autorizou a prisão domiciliar.
Os outros ministros disseram que, embora a prisão preventiva seja uma medida excepcional, no caso de Suzane
ela havia sido decretada de
acordo com os requisitos legais.
O julgamento do habeas corpus começou no dia 20 último,
mas foi interrompido por um
pedido de vista do ministro Hamilton Carvalhido, o primeiro a
divergir de Naves. Ontem, Carvalhido disse que a prisão preventiva [antes da sentença condenatória] pode ocorrer em situações específicas: para garantir a ordem pública ou econômica, para assegurar as investigações e quando houver prova
da existência do crime e indício
suficiente da autoria.
Ele considerou que a prisão
preventiva dela fora decretada
corretamente, com o objetivo
de garantir a ordem pública e a
conveniência da instrução criminal, "ante fundamentalmente a necessidade de proteção do
irmão dela [Andreas von Richthofen]". O irmão é uma das
testemunhas indicadas pelo
Ministério Público para serem
ouvidas no julgamento.
Suzane foi presa logo depois
do assassinato dos pais, Manfred e Marísia von Richthofen,
em outubro de 2002, e confessou a participação nos crimes.
Em junho do ano passado, o
STJ ordenou a sua libertação e,
em 10 de abril último, ela foi
novamente presa, após entrevista para o programa "Fantástico", da Rede Globo, na qual
seus advogados a orientavam a
chorar e a culpar seu ex-namorado, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian, pelo crime.
O casal foi morto a pauladas e
por asfixia enquanto dormia.
Daniel e Cristian são acusados
de executar os assassinatos. Os
irmãos Cravinhos a acusam de
ter sido a mandante.
Sem fita
Ainda ontem, o STJ decidiu
tirar do processo a fita do "Fantástico" de 9 de abril, que reproduziu trechos de entrevista
dela e a gravação de um diálogo
reservado em que o advogado a
orienta a parecer arrependida e
a chorar diante da câmara.
A retirada da fita foi pedida
pela defesa de Suzane. A maioria dos ministros acolheu o argumento de que a gravação foi
obtida de forma ilícita.
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