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Ordem dos advogados propõe a parentes exumação de corpos
Cadáveres são das 19 vítimas dos confrontos com a polícia no complexo do Alemão; familiares têm de ir à Justiça, diz OAB
Entidade critica transparência do governo do Rio, que não deixou que um legista de fora dos quadros policiais acompanhasse as autópsias
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
A Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) irá propor
hoje aos parentes das 19 vítimas dos confrontos com a polícia no complexo do Alemão, no
Rio, que autorizem a apresentação de um pedido formal à
Justiça para a exumação dos
cadáveres já enterrados.
Como houve sepultamentos
e a entidade não obteve resposta no ofício em que pedia ao secretário de Segurança, José
Mariano Beltrame, e ao chefe
de Polícia Civil, Gilberto Ribeiro, que um médico independente examinasse os corpos, a
saída pode ser a exumação, defendeu o advogado João Tancredo, presidente da comissão.
Representantes da OAB, da
Assembléia Legislativa e de
ONGs têm hoje uma reunião
com moradores do complexo.
Tancredo disse que, além da
proposta de exumar os corpos,
discutirá o ingresso no Judiciário com ações em busca de indenização por supostos maus-tratos sofridos na quarta-feira,
quando as polícias Civil e Militar e a Força Nacional de Segurança ocuparam o Alemão com
cerca de 1.350 profissionais.
Na quinta-feira, depois que o
secretário de Segurança decidiu não atender o representante da OAB e das entidades, a Comissão de Direitos Humanos
encaminhou por fax um ofício
em que pedia a indicação de um
médico legista. Ontem, o ofício
foi entregue pessoalmente na
Secretaria de Segurança e na
Polícia Civil. Até o início da noite de ontem, os dois órgãos não
haviam respondido.
"A gente não está conseguindo entender. Por que tanta dificuldade? Há uma absoluta falta
de transparência por parte das
autoridades da área de segurança. Parece que estão querendo protelar. [...] O tempo só
beneficia quem causou [as
mortes]", disse Tancredo.
Procurados pela Folha, Beltrame e o chefe de Polícia Civil
anunciaram, por meio de suas
assessorias, que não comentariam o assunto.
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