São Paulo, terça-feira, 30 de junho de 2009

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Kassab limita circulação de ônibus fretados

Prefeito afirma que medida vai melhorar a fluidez do trânsito no centro expandido; especialistas em trânsito discordam

O plano é que os passageiros desembarquem em 13 pontos de baldeação e prossigam a viagem de metrô, trem ou ônibus

Eduardo Anizelli/Folha Imagem
Ônibus fretados na al. Santos, na região da Paulista, local onde passará a vigorar a restrição

DA REPORTAGEM LOCAL

Sob a justificativa de melhorar a fluidez do trânsito em São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) anunciou ontem que restringirá a circulação de ônibus fretados das 5h às 21h, a partir de 27 de julho, em boa parte do centro expandido -inclusive avenidas Paulista, Luiz Carlos Berrini e Faria Lima.
O plano de Kassab é que os passageiros dos fretados desembarquem em 13 pontos de baldeação no entorno da área de restrição e sigam viagem de metrô, trem ou ônibus.
A medida é polêmica. Três especialistas em trânsito consultados pela Folha consideram que o efeito pode ser o inverso: com a restrição, muitos passageiros dos fretados podem optar por sair de carro.
Os ônibus fretados são responsáveis por 2% dos deslocamentos na região metropolitana (quatro vezes a demanda dos táxis, por exemplo).
Segundo a prefeitura, 48 mil pessoas circulam hoje pela área de restrição em fretados, vindos do litoral, de cidades vizinhas e bairros mais distantes.
Um dos problemas é que o sistema de transporte já é considerado saturado. Kassab diz que o sistema tem como absorver a nova demanda. "É mais do que possível."
Sete novas linhas expressas ou semiexpressas serão criadas a partir dos pontos de baldeação para regiões como Faria Lima e Berrini -nos horários de pico. Serão 63 ônibus, deslocados de outras linhas.
Marcos Bicalho, superintendente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), discorda da prefeitura. "Vai ter mais gente saindo do fretado para os carros do que para os ônibus comuns."
A multa para o fretado que descumprir a restrição é de R$ 3.400. Além dos agentes de trânsito, haverá radares para a fiscalização. Veículos escolares, de turismo, de transporte para feiras e exposições e eventos religiosos estão liberados. Falta definir o cadastramento.
O publicitário Timothy Costa, de Alphaville, diz preferir o ar-condicionado e a mordomia de um fretado (que oferece jornais e revistas pela manhã e pontualidade ao fim do dia.) "No ônibus e no metrô não tem espaço para ler e, no fim do expediente, tudo o que eu quero é voltar para casa rápido", disse.
Janete D'Oliveira, assistente de recursos humanos, disse estar preocupada . "Empresas inteiras vão ter que rever a política de transportes de seus funcionários. E, no fim, teremos mais carros na rua e gastaremos mais", reclamou.


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