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Kassab limita circulação de ônibus fretados
Prefeito afirma que medida vai melhorar a fluidez do trânsito no centro expandido; especialistas em trânsito discordam
O plano é que os passageiros desembarquem em 13 pontos de baldeação e
prossigam a viagem de
metrô, trem ou ônibus
Eduardo Anizelli/Folha Imagem
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Ônibus fretados na al. Santos, na região da Paulista, local onde passará a vigorar a restrição
DA REPORTAGEM LOCAL
Sob a justificativa de melhorar a fluidez do trânsito em São
Paulo, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) anunciou ontem
que restringirá a circulação de
ônibus fretados das 5h às 21h, a
partir de 27 de julho, em boa
parte do centro expandido -inclusive avenidas Paulista, Luiz
Carlos Berrini e Faria Lima.
O plano de Kassab é que os
passageiros dos fretados desembarquem em 13 pontos de
baldeação no entorno da área
de restrição e sigam viagem de
metrô, trem ou ônibus.
A medida é polêmica. Três
especialistas em trânsito consultados pela Folha consideram que o efeito pode ser o inverso: com a restrição, muitos
passageiros dos fretados podem optar por sair de carro.
Os ônibus fretados são responsáveis por 2% dos deslocamentos na região metropolitana (quatro vezes a demanda
dos táxis, por exemplo).
Segundo a prefeitura, 48 mil
pessoas circulam hoje pela área
de restrição em fretados, vindos do litoral, de cidades vizinhas e bairros mais distantes.
Um dos problemas é que o
sistema de transporte já é considerado saturado. Kassab diz
que o sistema tem como absorver a nova demanda. "É mais
do que possível."
Sete novas linhas expressas
ou semiexpressas serão criadas
a partir dos pontos de baldeação para regiões como Faria Lima e Berrini -nos horários de
pico. Serão 63 ônibus, deslocados de outras linhas.
Marcos Bicalho, superintendente da ANTP (Associação
Nacional de Transportes Públicos), discorda da prefeitura.
"Vai ter mais gente saindo do
fretado para os carros do que
para os ônibus comuns."
A multa para o fretado que
descumprir a restrição é de R$
3.400. Além dos agentes de
trânsito, haverá radares para a
fiscalização. Veículos escolares, de turismo, de transporte
para feiras e exposições e eventos religiosos estão liberados.
Falta definir o cadastramento.
O publicitário Timothy Costa, de Alphaville, diz preferir o
ar-condicionado e a mordomia
de um fretado (que oferece jornais e revistas pela manhã e
pontualidade ao fim do dia.)
"No ônibus e no metrô não tem
espaço para ler e, no fim do expediente, tudo o que eu quero é
voltar para casa rápido", disse.
Janete D'Oliveira, assistente
de recursos humanos, disse estar preocupada . "Empresas inteiras vão ter que rever a política de transportes de seus funcionários. E, no fim, teremos
mais carros na rua e gastaremos mais", reclamou.
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