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DESEMPREGO
Associação diz que divulgou a oferta de 63 vagas em escola após alerta da prefeitura, que nega; licitação nem foi concluída
"Mal-entendido" leva 1.200 a fila por trabalho
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um "mal-entendido" levou ao
menos 1.200 pessoas a ficarem
horas na fila em busca de 63 vagas
de trabalho que nem sequer tinham sido abertas em um dos
CEUs (Centros Educacionais
Unificados, conhecidos como
"escolões") da prefeitura.
A fila em frente ao CEU Pêra-Marmelo, no Jaraguá (zona norte), começou a se formar ainda
anteontem, por volta das 18h. Na
manhã de ontem, já eram mais de
1.200 pessoas. Segundo moradores que participaram do cadastro,
havia cerca de 2.500 moradores. A
Polícia Militar foi chamada de
madrugada para manter a ordem,
mas não houve tumultos.
O problema é que a licitação para a escolha das empresas que cuidarão do local ainda não foi nem
concluída. Estão concorrendo 18
companhias para fazer a limpeza
e 14 para a vigilância do CEU. A
empresa que foi ao local ontem
disse que fez só uma "sondagem"
para analisar a mão-de-obra.
O "mal-entendido" começou
depois de a associação de moradores ter fixado cartazes informando que haveria seleção de
funcionários no CEU. Os empregos, de assistente de limpeza e de
vigia, oferecem salário de R$ 323 e
R$ 40 de auxílio para cesta básica.
A associação de moradores diz
que foi informada da suposta seleção pela Coordenadoria da Educação de Pirituba, responsável pela região. O órgão nega. A Secretaria da Educação diz que houve um
"mal-entendido" entre as duas.
Segundo a presidente da associação de moradores, Mara Soares Claro, a coordenadoria ligou
anteontem, por volta das 11h, para
dizer que ocorreria a seleção para
as vagas naquela hora. Ela então
teria dito que não haveria tempo
hábil para divulgação. Depois,
por seu relato, a "seleção" foi
adiada para as 7h do dia seguinte.
Então, Claro colocou os cartazes.
A empresa que compareceu ao
local, a Monte Azul, afirmou que a
intenção era apenas traçar um panorama do local e que foi "surpreendida" com a fila. Segundo
José Eduardo Bassaneto, "para
não criar tumulto maior, a gente
recolheu as fichas". A coordenadoria da educação diz que "houve
uma precipitação de uma das firmas" -no caso, a Monte Azul.
A seleção, que recolheu currículos e anotou nomes e endereços,
durou das 8h às 11h30. Mesmo entre os candidatos atrasados, havia
desinformação. Marlene Aparecida, moradora da região, chegou
por volta do meio-dia, quando os
dois representantes da Monte
Azul já tinham ido embora, e não
sabia nem o salário. "A gente só
sabe que precisa trabalhar", disse.
Não é a primeira vez recentemente que milhares de pessoas se
aglomeram em busca de emprego. Em Londrina (PR), 17 mil apareceram após anúncio de 19 vagas
no serviço funerário, com salário
médio de R$ 650. No Rio, houve
tumulto quando milhares se inscreveram para trabalhar de gari.
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