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São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2003

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DESEMPREGO

Associação diz que divulgou a oferta de 63 vagas em escola após alerta da prefeitura, que nega; licitação nem foi concluída

"Mal-entendido" leva 1.200 a fila por trabalho

PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um "mal-entendido" levou ao menos 1.200 pessoas a ficarem horas na fila em busca de 63 vagas de trabalho que nem sequer tinham sido abertas em um dos CEUs (Centros Educacionais Unificados, conhecidos como "escolões") da prefeitura.
A fila em frente ao CEU Pêra-Marmelo, no Jaraguá (zona norte), começou a se formar ainda anteontem, por volta das 18h. Na manhã de ontem, já eram mais de 1.200 pessoas. Segundo moradores que participaram do cadastro, havia cerca de 2.500 moradores. A Polícia Militar foi chamada de madrugada para manter a ordem, mas não houve tumultos.
O problema é que a licitação para a escolha das empresas que cuidarão do local ainda não foi nem concluída. Estão concorrendo 18 companhias para fazer a limpeza e 14 para a vigilância do CEU. A empresa que foi ao local ontem disse que fez só uma "sondagem" para analisar a mão-de-obra.
O "mal-entendido" começou depois de a associação de moradores ter fixado cartazes informando que haveria seleção de funcionários no CEU. Os empregos, de assistente de limpeza e de vigia, oferecem salário de R$ 323 e R$ 40 de auxílio para cesta básica.
A associação de moradores diz que foi informada da suposta seleção pela Coordenadoria da Educação de Pirituba, responsável pela região. O órgão nega. A Secretaria da Educação diz que houve um "mal-entendido" entre as duas.
Segundo a presidente da associação de moradores, Mara Soares Claro, a coordenadoria ligou anteontem, por volta das 11h, para dizer que ocorreria a seleção para as vagas naquela hora. Ela então teria dito que não haveria tempo hábil para divulgação. Depois, por seu relato, a "seleção" foi adiada para as 7h do dia seguinte. Então, Claro colocou os cartazes.
A empresa que compareceu ao local, a Monte Azul, afirmou que a intenção era apenas traçar um panorama do local e que foi "surpreendida" com a fila. Segundo José Eduardo Bassaneto, "para não criar tumulto maior, a gente recolheu as fichas". A coordenadoria da educação diz que "houve uma precipitação de uma das firmas" -no caso, a Monte Azul.
A seleção, que recolheu currículos e anotou nomes e endereços, durou das 8h às 11h30. Mesmo entre os candidatos atrasados, havia desinformação. Marlene Aparecida, moradora da região, chegou por volta do meio-dia, quando os dois representantes da Monte Azul já tinham ido embora, e não sabia nem o salário. "A gente só sabe que precisa trabalhar", disse.
Não é a primeira vez recentemente que milhares de pessoas se aglomeram em busca de emprego. Em Londrina (PR), 17 mil apareceram após anúncio de 19 vagas no serviço funerário, com salário médio de R$ 650. No Rio, houve tumulto quando milhares se inscreveram para trabalhar de gari.


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