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CONVÊNIOS
Decisão enfraquece protesto de médicos contra operadoras de seguros-saúde, previsto para hoje em São Paulo
Hospitais e clínicas não aderem a boicote
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O sindicato que reúne hospitais,
clínicas e laboratórios do Estado
de São Paulo divulgou comunicado ontem em que veta a participação de seus associados no boicote
a seguradoras de saúde previsto
para hoje na capital.
São filiados à entidade um total
de 360 hospitais, 433 laboratórios
e 3.878 clínicas no município. A
APM (Associação Paulista de Medicina), uma das organizadoras
do boicote, informou ter sido surpreendida pela orientação e pedido que o Sindhosp (Sindicato dos
Hospitais, Clínicas e Laboratórios
do Estado de SP) retirasse o comunicado. "Não foi esse o termo
da nossa conversa. Vai dar confusão", afirmou José Luiz Gomes do
Amaral, presidente da APM.
A associação orientou os médicos a denunciar os estabelecimentos que vetassem o boicote contra
os valores pagos pelas empresas.
De acordo com o presidente do
Sindhosp, Dante Montagnana, se
as clínicas aderirem ao boicote,
correm o risco de ser acusadas de
cobrar caução -uma garantia
em cheque para o atendimento do
segurado, vetada pela ANS
(Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Segundo o Conselho Regional
de Medicina do Estado de São
Paulo, pesquisa feita em 2000 com
os 34 mil profissionais então
atuantes na capital mostrou que a
maioria tem mais de um vínculo
profissional -67% trabalham
em hospitais e unidades da rede
pública, 60% em hospitais e clínicas da rede privada e 55% em consultórios próprios.
As entidades médicas escolheram oito seguradoras como alvo
do movimento: Bradesco Saúde,
SulAmérica, Porto Seguro, Unibanco AIG, Marítima, Notre Dame, Itaúseg e AGF Brasil.
Durante o boicote, os médicos
referenciados pelas seguradoras
-aqueles que constam dos catálogos de serviços das empresas-
devem atender somente pelo sistema de reembolso, segundo os
organizadores.
O cliente terá de pagar o valor de
referência definido pelas entidades médicas e depois, munido de
recibo, buscar o ressarcimento na
seguradora. Hoje, parte desses
profissionais listados pelas operadoras atende pelo sistema de
guias. O segurado assina um comprovante do atendimento, e a empresa é que paga o profissional.
Os médicos referenciados só
poderão pedir reembolso de acordo com o definido na classificação
de valores referenciais. O valor da
consulta médica é de R$ 42.
No comunicado, o sindicato
orienta os estabelecimentos a não
admitir "em suas dependências
cobranças que podem induzir (...)
a pensar que tal conduta foi determinada pela empresa".
Segundo o presidente do Sindhosp, a maioria das clínicas tem
contratos com as operadoras -é
residual o número de estabelecimentos em que os profissionais
assinam diretamente o compromisso com as seguradoras.
Ele afirma que só poderia participar do boicote quem tem contrato direto com a operadora.
Mesmo assim, a cobrança teria de
ser feita diretamente pelo profissional, e não pela tesouraria do
hospital, clínica ou laboratório.
Segundo Montagnana, uma nova reunião deve ocorrer hoje com
a associação de médicos.
O que ainda pode comprometer
o movimento na capital é o fato de
o município ter uma concorrência acirrada no setor -um médico para 264 habitantes, enquanto
o padrão da Organização Mundial da Saúde é de 1/1.000.
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