São Paulo, sábado, 30 de julho de 2005

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TRANSPORTE

Para tucano, proposta do banco, em que ações de empresas do governo seriam dadas como garantia, prejudicava Estado

Alckmin veta financiar metrô via BNDES

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), suspendeu a negociação com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para um empréstimo de R$ 394 milhões destinado às obras da linha 2 do metrô. O governador, que esteve ontem no Rio, alega que as condições propostas pelo banco federal são prejudiciais ao Estado.
No ano passado, um financiamento fora praticamente acertado com o ex-presidente do BNDES Carlos Lessa, tendo por base a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), atualmente em 9,75% ao ano. O atual presidente do banco, Guido Mantega, propôs uma espécie de capitalização do metrô, dando como garantia ações negociáveis de empresas da carteira do governo. Para Alckmin, essa opção pode representar prejuízo para o Estado.
Mantega disse que a proposta era a única permitida pela legislação do Banco Central. Ele afirmou que, inicialmente, os técnicos do governo estadual a aceitaram.
Agora, para concluir a obra até setembro de 2006, às vésperas da eleição, Alckmin disse que terá de "apertar o cinto". O governador afirmou que pretende usar recursos do Estado para concluir três novas estações da linha 2 (Chácara Klabin, Imigrantes e Ipiranga), estendendo a rota que hoje vai da Vila Madalena à Ana Rosa.
Se concluídas a tempo, as obras, que começaram em março do ano passado, servirão como um cartão de visitas para uma possível campanha de Alckmin à Presidência da República.
O secretário da Casa Civil, Arnaldo Madeira, disse que o Metrô tem R$ 444 milhões no orçamento deste ano para a obra. "Para o ano que vem, em vez de fazer alguma obra que esteja prevista, algum gasto adicional, a gente vai segurar para fazer a obra."

Garantias
Alckmin argumentou que as ações dadas em garantia poderiam se valorizar muito mais do que o valor do empréstimo, e ele seria cobrado, mais tarde, por ter feito um mau negócio para o Estado. As ações que seriam dadas em garantia eram as da Cesp (Companhia Energética de São Paulo) e da CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista), sendo que esta última pode ser privatizada e tem condições de alta valorização, diz Alckmin.
Madeira afirmou que o BNDES nunca havia feito uma exigência semelhante para financiar obras do Estado.


Colaborou VICTOR RAMOS, da Reportagem Local

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