São Paulo, domingo, 30 de julho de 2006

Próximo Texto | Índice

Mulheres contam como é ser mãe depois dos 50 anos

Gestação acima dessa idade é conseguida com o auxílio da fertilização in vitro

Medida não é consenso na classe médica, já que cresce o risco de surgirem doenças que afetem grávida e feto; mulheres realizam sonhos

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Que lindo! É seu neto?" A pergunta que irrita a bancária aposentada Cleide, 55, mãe de Matheus, 3, é parte do cotidiano de um número cada vez maior de mulheres que engravidam após os 50 anos, já na menopausa. Algumas, às vésperas de chegar à terceira idade.
Nessa fase, a gravidez é possível graças à doação de óvulos de mulheres mais jovens, que são fertilizados no laboratório com os espermatozóides do marido da mulher mais velha, que vai gerar o bebê. As mulheres, com isso, buscam realizar seus sonhos e os de seus maridos.
No Brasil, ao menos 60 "cinqüentonas" foram mães assim, segundo levantamento da Folha em clínicas de reprodução. A mais idosa, uma baiana, teve o primeiro filho aos 58 anos.
Não há estatísticas sobre o percentual de mães nessa faixa etária porque elas se somam às gestações acima de 40. Mas, segundo o Ministério da Saúde, subiu a proporção de nascimentos em mães quarentonas ou mais. Em 1996, a incidência era de 1,75% de nascidos vivos e passou, em 2002, para 1,95%.
Em alguns países da Europa e nos EUA, a recomendação é que a gravidez com reprodução assistida seja restrita às mulheres até 50 anos devido ao aumento de riscos à saúde da mãe e do bebê. No Brasil, onde não existe limite de idade, não há consenso na classe médica.
O ginecologista Eduardo Motta, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e um dos diretores da clínica Huntington, é contra. "Mesmo que na ovodoação o limite possa ser superado, do lado materno cresce a incidência de doenças." Para ele, fertilizações in vitro acima de 50 anos desvirtuam a reprodução assistida. "Hoje, desde que haja alguém disposto a pagar e médico louco a fazer, não há limite."
Já o médico Roger Abdelmassih considera 55 anos uma "idade limite viável". "Há mulheres muito inteiras nessa faixa", diz ele, que permitiu a gravidez mais avançada, aos 58. "Só fiz porque a mulher insistiu e me apresentou pareceres atestando sua ótima saúde."


Próximo Texto: Danuza Leão: Pequenas alegrias
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.