São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2008

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Delegada que investigou delegados é afastada em SP

A policial investigou quadrilha acusada de usar a estrutura da Polícia Civil para falsificar CNHs

Para promotor, afastamento da delegada da corregedoria foi "retaliação"; dois dos delegados suspeitos foram reconduzidos aos cargos


ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O chefe da Polícia Civil de São Paulo, delegado Maurício José Lemos Freire, afastou ontem da Corregedoria Geral da corporação a também delegada Alexandra de Agostini Randmer da Silveira.
Nos últimos dois meses, a delegada trabalhou nas investigações que culminaram na prisão de nove policiais -três deles delegados- acusados de integrar a quadrilha que usava a infra-estrutura da Polícia Civil em Ferraz de Vasconcelos (Grande SP) para falsificar e vender CNHs (carteira nacional de habilitação).
Para o promotor Marcelo Alexandre de Oliveira, do Gaerco, órgão de combate ao crime organizado do Ministério Público de Guarulhos (Grande SP), o afastamento foi "retaliação". "A delegada Alexandra foi afastada da corregedoria em uma clara punição pelos serviços corretos prestados por ela durante a apuração dos crimes cometidos pelos policiais civis acusados de vender habilitações falsas", disse.
A Folha não localizou a delegada e, por determinação de Freire, nenhum policial civil pode conceder entrevista sem a autorização dele.
O afastamento da delegada ocorreu cinco dias após ela ter concluído o inquérito sobre o caso. A policial pediu a decretação da prisão preventiva dos 29 suspeitos de vender CNHs falsas, entre eles o delegado Carlos José Ramos da Silva, o Casé, preso desde o dia 17.
Freire reconduziu aos cargos dois dos três delegados presos na Operação Carta Branca, do Ministério Público de Guarulhos e da Polícia Rodoviária Federal, que estão soltos.
Acusados de integrar a quadrilha que vendia CNHs falsas, os delegados Juarez Pereira Campos e Fernando José Gomes estão soltos desde o dia 16 por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal).
Freire também determinou ontem que Campos fosse trabalhar na delegacia de Mogi das Cruzes. O delegado Gomes foi designado para Suzano.
As duas delegacias são comandadas pela Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes, cujo ex-chefe, o delegado Casé, foi afastado em maio.
Questionado ontem pela Folha -por e-mail enviado a seus assessores de imprensa-, Freire não respondeu se pretende ou não afastar do cargo Elson Alexandre Sayão, outro delegado envolvido na investigação sobre a venda de CNHs.
Segundo a Promotoria, Sayão, atual chefe do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro SP) e braço direito de Freire no comando da Polícia Civil, alertou seu então subordinado Casé sobre a apreensão de CNHs emitidas em Ferraz de Vasconcelos.
Somente sete dias após o alerta, em abril, a Corregedoria do Detran foi à Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) de Ferraz, mas, segundo a Promotoria, nada foi feito.


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