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Presidente ignora ministro da Saúde e aprova mototáxi
Temporão era contrário à regulamentação da profissão em razão do grande número de mortes em acidentes com motos
Lei traz exigências como colete de segurança e curso especializado; atividade
só poderá ser exercida por maiores de 21 anos
ANGELA PINHO
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ignorando alerta do Ministério da Saúde, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva sancionou
ontem a lei que regulamenta a
profissão de mototaxista.
Segundo estimativas da categoria, existem hoje no país 500
mil profissionais em atividade
em 3.500 municípios, mas, com
a lei, o número deve dobrar.
Após a aprovação do projeto
no Congresso, no início do mês,
o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, qualificou-o
como preocupante devido aos
altos índices de mortes por acidentes de moto -19 por dia, segundo os dados mais recentes.
Ontem, voltou a criticar após
reunião com Lula: "Moto é um
problema. Vamos ter de nos debruçar e reforçar as campanhas
de informação e de educação".
Segundo ele, o setor da saúde,
como sempre, é que vai ter de
enfrentar essa situação. "É uma
nova profissão que surge; por
outro lado, o cuidado deve ser
redobrado em relação à prevenção", afirmou.
Para Flávio Emir Adura, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, a lei
está "na contramão da vida".
Para ele, o número de mortes
no trânsito envolvendo motocicletas deve duplicar. "Causa
profunda preocupação a regulamentação da profissão. A
morbidade e a mortalidade são
o que mais assusta quem trabalha com segurança no trânsito."
Ao anunciar a sanção, o ministro Márcio Fortes (Cidades)
disse que a lei traz avanços ao
estabelecer requisitos básicos
de segurança para os mototáxis. "Não podemos fechar os
olhos à realidade. Essa atividade já existe e precisava ser regulamentada", afirmou.
A lei traz exigências, como
colete de segurança e curso especializado para transportar
passageiros em motos. A atividade só poderá ser exercida por
maiores de 21 anos de idade
com ao menos dois anos de carteira de habilitação de moto.
Fortes disse também que o
Conselho Nacional de Trânsito
deverá definir a duração dos
cursos de habilitação e os dispositivos de segurança. Estuda-se obrigar o fornecimento de
toucas higiênicas para os passageiros usarem sob o capacete.
Para Robson Alves, presidente da federação dos mototaxistas e motofretistas, a regulamentação "já estava passando
da hora". "São mais de dez anos
de luta. Ser reconhecido é o
mais importante."
Prefeitura de SP
A Prefeitura de São Paulo informou em nota que vai estudar a regulamentação do serviço e que não pode ignorar lei federal. Anteriormente, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) havia declarado apoio à lei.
Lula vetou artigo do projeto
relativo não a mototaxistas,
mas a serviços de segurança feitos por motociclistas. O trecho
citava obrigações, como esperar o morador fechar o portão
de casa e avisar a polícia sobre a
presença de estranhos. Para o
governo, isso deve ser objeto de
contratos privados.
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