São Paulo, sábado, 30 de julho de 2011

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Perdi o controle, diz jovem que atropelou rapaz na Natingui

Nutricionista afirma que seu namorado havia bebido, razão pela qual assumiu o volante no dia do acidente

Ela nega que estivesse embriagada e diz que não usou bafômetro pois o teste não foi pedido pelos policiais

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

"Eu perdi o controle", disse à Folha a nutricionista Gabriella Guerrero Pereira, 28, sobre o acidente que matou o administrador Vitor Gurman, 24. Ele foi atropelado pelo Land Rover blindado conduzido por ela, no sábado passado, na rua Natingui, Vila Madalena, bairro da zona oeste de São Paulo.
Em entrevista exclusiva, feita no escritório de seu advogado, ela chorou várias vezes. Negou estar embriagada na hora do acidente. Disse que ingeriu apenas uma margarita em toda a noite.
Ela afirmou ainda que não fez testes de bafômetro e sangue porque eles não foram pedidos pelas autoridades.
Gabriella disse ter optado por dirigir porque o namorado Roberto Lima, 34, estava embriagado. Ele se feriu no acidente, mas passa bem.
Ela não deu mais detalhes sobre o momento do acidente. A nutricionista chegou a registrar um documento em cartório dizendo que não concordava com o teor do boletim de ocorrência.

Folha - O que aconteceu no dia?
Gabriella Guerrero Pereira - Fomos no Piove (bar no Itaim Bibi) para encontrar os amigos. Tinha combinado com o meu pai, queria apresentar um lugar que gosto para ele. Sentamos numa mesa e pedi uma margarita, o Roberto também. Percebi que ele iria beber. Pensei: "vou parar porque meu pai está aqui comigo, o Roberto está bebendo, eu vou guiar".


Chegaram que horas?
Umas 22h20. Umas 3h, vi que o Roberto não tinha condições de guiar e fomos embora. Paguei a conta, o estacionamento e já entramos no carro. Pus o cinto, ajustei a poltrona, ajustei o retrovisor e insisti para o Roberto pôr o cinto. Fomos embora, aí aconteceu o acidente.


Já tinha dirigido antes o Land Rover?
Já. É diferente do meu carro, um Polo. Eu tinha guiado poucas vezes, é um carro robusto, mas instável. A direção hidráulica é muito mole, o carro é automático. Com a blindagem, ele fica mais pesado ainda.


Acelerou e perdeu o controle?
A rua é muito estreita para a proporção do carro, não tem como você estar em alta velocidade (o limite na rua é de 30 km/h), mesmo porque o carro não é meu.


Mas perdeu o controle?
Eu perdi o controle.


Seu namorado estava sem cinto de segurança?
Estava. O rapaz [que passava pelo local] socorreu a gente e tirou o meu cinto. Estava sem celular nenhum, perdi no capotamento. Pedi para ligarem para a polícia e para a ambulância. Em seguida, usei o celular dele para ligar para o meu pai. A polícia e as ambulâncias chegaram muito rápido. Prestei os socorros imediatos. Cheguei até o Vítor, segurei no sapato dele, era um sapato preto, e disse: "calma, vai dar tudo certo, você vai ficar bem". Perguntei para a ambulância para onde ele seria levado. Falaram que iria para o HC.


Mas o bafômetro você não quis fazer...
Ele [o PM] não solicitou. No IML, não pediram o exame de sangue. Fomos à delegacia, fizemos os procedimentos. Estava desesperada, não sabia o estado de saúde de ninguém, não sabia o que tinha acontecido [chora]. Todo tempo eu pedia para os meu pais irem para o HC.


Você procurou a família dele?
Eu, pessoalmente, não. [chora]. Ligava todos os dias para o HC, mas só diziam que o caso do Vitor "inspirava cuidados". Queria pegar o sofrimento de todas as pessoas envolvidas para carregar só comigo e me isolar num canto. Estou com medo, destruída. Mas rezando pelo Vitor e pela família dele.


Você viu o Vitor atravessando a rua?
[acena com a cabeça, indicando que não]


Você já havia se envolvido em outros acidentes?
Em nenhum. Se tiver multas, é por vencer o período de Zona Azul. Nunca tive uma infração grave.


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