São Paulo, sábado, 30 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Pacientes vão à Justiça para fazer exame sofisticado

Ações contestam recusa de planos de saúde de cobrir custos do PET-CT, que identifica câncer em estágio inicial

Planos e seguros de saúde, disseram que as operadoras seguem o rol de procedimentos estabelecido pela ANS

CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

A recusa dos planos de saúde de cobrir os custos do PET-CT um sofisticado exame de imagem capaz identificar o câncer em estágio inicial e mostrar em tempo real como o organismo reage ao tratamento, está levando muitos pacientes à Justiça.
Só no Hospital A.C. Camargo, especializado em câncer, diariamente, de três a quatro pacientes já fazem o exame amparados por liminares.
O PET-CT é feito no Brasil há mais de uma década, mas só entrou no rol de procedimentos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) há pouco mais de um ano. Ainda assim, apenas para alguns tipos de tumores de pulmão e linfoma.
Outras agências internacionais de saúde (dos EUA e do Canadá, por exemplo) autorizam o exame para, no mínimo, outras cinco situações -melanoma maligno, câncer colorretal, câncer de cabeça e pescoço, câncer de esôfago e estômago e câncer de ovário.
"A ANS autorizou para câncer de pulmão e linfoma, e a leitura tendenciosa das operadoras é que não há autorização para outras situações. É uma visão obtusa negar por princípio. Não pensam no bem do paciente", afirma o oncologista Rubens Chojniak, diretor de imagem do A.C. Camargo.
Segundo ele, o exame pode poupar pacientes de cirurgias e procedimentos desnecessários -o que também geraria economia às empresas de saúde. "Se você identifica que o tratamento não está sendo efetivo, pode poupar o doente de novos ciclos de quimioterapia", diz ele.
O caso do aposentado Nobotoshi Yamashida, 61, é um exemplo típico. Em novembro de 2010, ele descobriu um câncer avançado de pulmão. Mas o plano se recusou a bancar o PET-CT porque o subtipo do tumor não estava incluído no rol da ANS.
A filha de Yamashida, Priscila, resolveu pagar o exame (R$ 3.900). O PET-CT revelou que havia metástase no fígado e nos ossos da bacia. Recentemente, Yamashida teve que repetir o exame para ver se o tumor não tinha atingido o sistema nervoso central.
"Achei desaforo pagar novamente e recorremos à Justiça. Em dois dias, já estávamos com a liminar. Sem esse exame, meu pai teria que ter feito pelo menos quatro biopsias. Conseguimos poupá-lo de mais sofrimento. É desumano o que as operadoras estão fazendo com as pessoas", desabafa Priscila.

ANS
Em nota, a ANS informou que promoveu uma consulta pública entre abril e maio sobre a ampliação do rol de procedimentos (leia mais ao lado) e que a questão do PET-CT será revista.
Também em nota, a Abramge e a FenaSaúde, entidades que representam os planos e seguros de saúde, disseram que as operadoras seguem o rol de procedimentos estabelecido pela agência reguladora.
"Excepcionalmente, pode haver uma conversa entre a operadora e o prestador sobre os procedimentos a serem feitos", ressaltou a Abramge.


Texto Anterior: Estamira Gomes de Sousa (1941-2011): Protagonista do filme "Estamira"
Próximo Texto: Cobertura de plano ganha 60 novos itens
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.