São Paulo, Sexta-feira, 30 de Julho de 1999
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Europeus têm experiência de 15 anos
Especialista ressalta papel da supervisão

MARTA AVANCINI
enviada especial a Campo Grande

A autonomia e a busca por formas alternativas de financiamento são processos inevitáveis para as universidades dentro do contexto econômico e social mundial contemporâneo. Mas eles têm de ser acompanhados de mecanismos de supervisão para que sejam asseguradas a qualidade dos cursos e da formação dos alunos.
Essas são opiniões de dois especialistas que apresentaram, ontem, um panorama do sistema universitário europeu no seminário "Educação Superior e suas Tendências para o Século 21", uma iniciativa do Conselho Nacional de Educação e da Uniderp (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal), em Campo Grande (MS).
"Na Europa Ocidental, há uma tendência de redução do volume de recursos públicos para as universidades, que está relacionado com a mudança da relação entre o Estado e as instituições", diz Guy Neave, diretor de Investigação da Associação Internacional de Universidades, na França.
A mudança, diz ele, ocorreu nos últimos 15 anos, período em que ganhou espaço um modelo de supervisão das universidades pelo Estado e não de controle governamental.
No novo sistema, as instituições têm mais liberdade para organizar seus cursos e para buscar recursos alternativos. Mas elas também têm de ser eficientes, cumprir metas e prestar contas para se habilitar a receber os recursos estatais. "Em vez de usar o número de matrículas, países como o Reino Unido estão distribuindo recursos com base no número de formandos", diz ele.
Se as metas não são atingidas ou se uma universidade não consegue um volume de recursos previstos junto à iniciativa privada, o governo não repõe necessariamente as perdas.
Quanto aos efeitos da participação dos recursos da iniciativa privada sobre as universidades eles ainda são desconhecidos. Nos EUA, país onde a iniciativa privada tem participação significativa nos orçamentos das universidades, as consequências dessa relação são alvo de debates e discussões.
"Minha universidade fechou uma parceria com a Coca-Cola. A empresa financia bolsas de estudo e dá dinheiro para as associações atléticas. Em contrapartida, só se vende refrigerante Coca-Cola no campus. Isso é bom porque injeta recursos, mas será que é ético?",questiona Christopher Morphew, professor da Universidade de Kansas (EUA).


A jornalista Marta Avancini viajou a convite da Uniderp



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