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Europeus têm experiência de 15 anos
Especialista ressalta papel da supervisão
MARTA AVANCINI
enviada especial a Campo Grande
A autonomia e a busca por
formas alternativas de financiamento são processos inevitáveis para as universidades
dentro do contexto econômico
e social mundial contemporâneo. Mas eles têm de ser acompanhados de mecanismos de
supervisão para que sejam asseguradas a qualidade dos cursos e da formação dos alunos.
Essas são opiniões de dois especialistas que apresentaram,
ontem, um panorama do sistema universitário europeu no
seminário "Educação Superior
e suas Tendências para o Século 21", uma iniciativa do Conselho Nacional de Educação e
da Uniderp (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal),
em Campo Grande (MS).
"Na Europa Ocidental, há
uma tendência de redução do
volume de recursos públicos
para as universidades, que está
relacionado com a mudança
da relação entre o Estado e as
instituições", diz Guy Neave,
diretor de Investigação da Associação Internacional de Universidades, na França.
A mudança, diz ele, ocorreu
nos últimos 15 anos, período
em que ganhou espaço um
modelo de supervisão das universidades pelo Estado e não
de controle governamental.
No novo sistema, as instituições têm mais liberdade para
organizar seus cursos e para
buscar recursos alternativos.
Mas elas também têm de ser
eficientes, cumprir metas e
prestar contas para se habilitar
a receber os recursos estatais.
"Em vez de usar o número de
matrículas, países como o Reino Unido estão distribuindo
recursos com base no número
de formandos", diz ele.
Se as metas não são atingidas
ou se uma universidade não
consegue um volume de recursos previstos junto à iniciativa
privada, o governo não repõe
necessariamente as perdas.
Quanto aos efeitos da participação dos recursos da iniciativa privada sobre as universidades eles ainda são desconhecidos. Nos EUA, país onde a iniciativa privada tem participação significativa nos orçamentos das universidades, as consequências dessa relação são
alvo de debates e discussões.
"Minha universidade fechou
uma parceria com a Coca-Cola. A empresa financia bolsas
de estudo e dá dinheiro para as
associações atléticas. Em contrapartida, só se vende refrigerante Coca-Cola no campus.
Isso é bom porque injeta recursos, mas será que é ético?",questiona Christopher
Morphew, professor da Universidade de Kansas (EUA).
A jornalista Marta Avancini viajou a convite da Uniderp
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