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Réu confesso, promotor mantém cargo
Decisão favorável a Thales Ferri Schoedl foi tomada por procuradores do Ministério Público e impede que ele vá a júri popular
Ele confessou ter matado a tiros, alegando legítima defesa, um jovem de 20 anos no litoral paulista,
em dezembro 2004
Daniel Pera - 27.abr.2005/"Diário de São Paulo"
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O promotor Thales Ferri Schoedl, que permanecerá no seu cargo |
DA FOLHA ONLINE
O órgão especial do Colégio
de Procuradores do Ministério
Público de São Paulo decidiu
ontem que o promotor Thales
Ferri Schoedl -que confessou
ter matado um jovem no fim de
2004, alegando legítima defesa- permanecerá no cargo.
A manutenção foi definida
por diferença de apenas um voto. O placar final da votação do
colégio foi 16 votos contra 15
votos. Com a decisão, Schoedl
será julgado pelo crime, no âmbito penal, pelo Tribunal de
Justiça. Caso perdesse o cargo,
não teria mais direito a foro privilegiado e, então, seria julgado
pelo Tribunal do Júri.
O crime ocorreu em dezembro de 2004, quando o promotor matou a tiros o atleta Diego
Mendes Mondanez, 20, e feriu
o seu colega, Felipe Cunha de
Souza, em um luau na praia de
Riviera de São Lourenço (Bertioga, litoral paulista). Ele foi
preso horas depois, mas ganhou o direito de responder ao
processo em liberdade.
Segundo a defesa do promotor, os jovens ameaçavam agredi-lo após terem feito insinuações sobre a sua namorada.
Schoedl irá para o Ministério
Público no município de Jales
(585 km a noroeste de São Paulo) e deve assumir suas funções
assim que a decisão do Colégio
foi publicada no "Diário Oficial" do Estado.
Em agosto de 2005, Schoedl
chegou a ser exonerado. Em janeiro de 2006, no entanto, uma
liminar concedida pelo desembargador Canguçu de Almeida,
vice-presidente do TJ, reconduziu o promotor ao cargo.
Schoedl está afastado das
funções desde 2004, quando
houve o crime, mas se mantém
no cargo de promotor substituto e recebe mensalmente R$
10,5 mil de salário.
As famílias das vítimas do
promotor devem entrar com
um pedido de providência no
Conselho Nacional do Ministério Público em relação à manutenção de Schoedl na promotoria. O órgão federal é o único
com poderes para reverter a decisão do Colégio de Procuradores do Ministério Público.
"O homicídio compensa neste país. Mais que furtar e roubar. A vida não vale nada nessa
nossa sociedade, infelizmente",
afirmou Wilson Pereira de Souza, 57, pai de Diego. Além de recorrerem ao Conselho Nacional do Ministério Público, as famílias também devem levar o
caso à OEA (Organização dos
Estados Americanos).
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