São Paulo, quinta-feira, 30 de agosto de 2007

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Réu confesso, promotor mantém cargo

Decisão favorável a Thales Ferri Schoedl foi tomada por procuradores do Ministério Público e impede que ele vá a júri popular

Ele confessou ter matado a tiros, alegando legítima defesa, um jovem de 20 anos no litoral paulista, em dezembro 2004

Daniel Pera - 27.abr.2005/"Diário de São Paulo"
O promotor Thales Ferri Schoedl, que permanecerá no seu cargo


DA FOLHA ONLINE

O órgão especial do Colégio de Procuradores do Ministério Público de São Paulo decidiu ontem que o promotor Thales Ferri Schoedl -que confessou ter matado um jovem no fim de 2004, alegando legítima defesa- permanecerá no cargo.
A manutenção foi definida por diferença de apenas um voto. O placar final da votação do colégio foi 16 votos contra 15 votos. Com a decisão, Schoedl será julgado pelo crime, no âmbito penal, pelo Tribunal de Justiça. Caso perdesse o cargo, não teria mais direito a foro privilegiado e, então, seria julgado pelo Tribunal do Júri.
O crime ocorreu em dezembro de 2004, quando o promotor matou a tiros o atleta Diego Mendes Mondanez, 20, e feriu o seu colega, Felipe Cunha de Souza, em um luau na praia de Riviera de São Lourenço (Bertioga, litoral paulista). Ele foi preso horas depois, mas ganhou o direito de responder ao processo em liberdade.
Segundo a defesa do promotor, os jovens ameaçavam agredi-lo após terem feito insinuações sobre a sua namorada.
Schoedl irá para o Ministério Público no município de Jales (585 km a noroeste de São Paulo) e deve assumir suas funções assim que a decisão do Colégio foi publicada no "Diário Oficial" do Estado.
Em agosto de 2005, Schoedl chegou a ser exonerado. Em janeiro de 2006, no entanto, uma liminar concedida pelo desembargador Canguçu de Almeida, vice-presidente do TJ, reconduziu o promotor ao cargo.
Schoedl está afastado das funções desde 2004, quando houve o crime, mas se mantém no cargo de promotor substituto e recebe mensalmente R$ 10,5 mil de salário.
As famílias das vítimas do promotor devem entrar com um pedido de providência no Conselho Nacional do Ministério Público em relação à manutenção de Schoedl na promotoria. O órgão federal é o único com poderes para reverter a decisão do Colégio de Procuradores do Ministério Público.
"O homicídio compensa neste país. Mais que furtar e roubar. A vida não vale nada nessa nossa sociedade, infelizmente", afirmou Wilson Pereira de Souza, 57, pai de Diego. Além de recorrerem ao Conselho Nacional do Ministério Público, as famílias também devem levar o caso à OEA (Organização dos Estados Americanos).

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