São Paulo, domingo, 30 de agosto de 2009

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Kassab entrega 6 de 30 clínicas prometidas

Após abrir cinco AMAs especialidades às vésperas das últimas eleições, prefeito prometeu 25 unidades, mas só entregou uma

Deficit de unidades é apontado por especialistas como uma das maiores deficiências do setor de saúde pública na capital

CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), entregou até agora apenas 6 das 30 clínicas de especialidades prometidas para o início deste ano.
Nessas clínicas, batizadas pela atual gestão de AMAs Especialidades, a população tem a chance de se consultar com urologistas, neurologistas, cardiologistas, ortopedistas etc.
O deficit desse tipo de atendimento é apontado por especialistas da área como uma das principais deficiências da rede de saúde pública de São Paulo.
Na disputa de 2008, em que Kassab garantiu sua reeleição, havia 5 AMAs especialidades em funcionamento na cidade.
Elas foram abertas nas vésperas da campanha. Antes, nem Kassab nem seu antecessor, o hoje governador José Serra (PSDB), haviam gasto nada para pôr as clínicas em funcionamento, apesar de, entre 2005 e 2008, o Orçamento municipal ter reservado cerca de R$ 130 milhões para a implantação.
O candidato a reeleição, então, prometeu inaugurar 10 AMAs Especialidades até o fim de 2008 e outras 15 "no início de 2009". Entregou só uma.
Mesmo descumprindo a promessa, Kassab pôs em rádios, TVs e jornais uma campanha publicitária para exaltar a criação das AMAs Especialidades. Gastou R$ 3,3 milhões, verba suficiente para reformar cinco postos de saúde, equipá-los, mobiliá-los e convertê-los em clínicas de especialidades.
A prefeitura diz que a campanha buscou evitar que as pessoas faltem às consultas.
As clínicas são o segundo passo no atendimento. A entrada no sistema é por postos de saúde e AMAs (Atendimento Médico Ambulatorial).
"Nessa fase, a rede está estrangulada. Há pessoas que precisam ser atendidas com urgência por especialistas e acabam sendo extremamente prejudicadas com a demora", afirma Paulo Eduardo Elias, professor de Medicina da USP.
Usuários do sistema ouvidos pela Folha dizem que o tempo médio para conseguir uma consulta é de pelo menos três meses. Alguns desistem.
"As AMAs até atendem rápido, mas quando a situação é mais complicada, o paciente fica sem assistência", diz Cícera de Salles, coordenadora do Conselho Municipal de Saúde.
O deficit no atendimento especializado também foi um problema na gestão da petista Marta Suplicy (2001-2004). Quando ela tentou reeleição, em 2004, e na disputa com Kassab, em 2008, ela prometeu construir unidades desse tipo.


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