|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Kassab entrega 6 de 30 clínicas prometidas
Após abrir cinco AMAs especialidades às vésperas das últimas eleições, prefeito prometeu 25 unidades, mas só entregou uma
Deficit de unidades é apontado por especialistas como uma das maiores deficiências do setor de saúde pública na capital
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), entregou
até agora apenas 6 das 30 clínicas de especialidades prometidas para o início deste ano.
Nessas clínicas, batizadas pela atual gestão de AMAs Especialidades, a população tem a
chance de se consultar com
urologistas, neurologistas, cardiologistas, ortopedistas etc.
O deficit desse tipo de atendimento é apontado por especialistas da área como uma das
principais deficiências da rede
de saúde pública de São Paulo.
Na disputa de 2008, em que
Kassab garantiu sua reeleição,
havia 5 AMAs especialidades
em funcionamento na cidade.
Elas foram abertas nas vésperas da campanha. Antes, nem
Kassab nem seu antecessor, o
hoje governador José Serra
(PSDB), haviam gasto nada para pôr as clínicas em funcionamento, apesar de, entre 2005 e
2008, o Orçamento municipal
ter reservado cerca de R$ 130
milhões para a implantação.
O candidato a reeleição, então, prometeu inaugurar 10
AMAs Especialidades até o fim
de 2008 e outras 15 "no início
de 2009". Entregou só uma.
Mesmo descumprindo a promessa, Kassab pôs em rádios,
TVs e jornais uma campanha
publicitária para exaltar a criação das AMAs Especialidades.
Gastou R$ 3,3 milhões, verba
suficiente para reformar cinco
postos de saúde, equipá-los,
mobiliá-los e convertê-los em
clínicas de especialidades.
A prefeitura diz que a campanha buscou evitar que as pessoas faltem às consultas.
As clínicas são o segundo
passo no atendimento. A entrada no sistema é por postos de
saúde e AMAs (Atendimento
Médico Ambulatorial).
"Nessa fase, a rede está estrangulada. Há pessoas que
precisam ser atendidas com urgência por especialistas e acabam sendo extremamente prejudicadas com a demora", afirma Paulo Eduardo Elias, professor de Medicina da USP.
Usuários do sistema ouvidos
pela Folha dizem que o tempo
médio para conseguir uma
consulta é de pelo menos três
meses. Alguns desistem.
"As AMAs até atendem rápido, mas quando a situação é
mais complicada, o paciente fica sem assistência", diz Cícera
de Salles, coordenadora do
Conselho Municipal de Saúde.
O deficit no atendimento especializado também foi um
problema na gestão da petista
Marta Suplicy (2001-2004).
Quando ela tentou reeleição,
em 2004, e na disputa com
Kassab, em 2008, ela prometeu
construir unidades desse tipo.
Texto Anterior: Carlos Guilherme De Mendonça Penafiel (1936-2009): O fotógrafo ajudou perseguidos pela ditadura Próximo Texto: Espera por consulta chega a três meses Índice
|