São Paulo, segunda-feira, 30 de agosto de 2010

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Bailes funk pós-UPP têm polícia na porta

Festa também tem horário para terminar, às 3h, mas quadra ficou lotada só às 2h

FÁBIO GRELLET
DO RIO

Os trajes sensuais e o gingado das popozudas continuam o mesmo, as músicas mudaram pouco, mas a presença policial tornou-se ostensiva e a festa não pôde passar das 3h.
Também não havia nenhum sinal de uso de drogas ilegais no primeiro baile funk "oficial" em uma comunidade com a presença da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), na ladeira dos Tabajaras, em Copacabana (zona sul do Rio), anteontem.
Em todas as 12 comunidades que ganharam UPPs, desde 2008, os bailes funk foram suspensos, porque eram considerados ambientes de apologia ao tráfico.
Para impedir que os eventos fossem realizados, a polícia recorria a normas administrativas que exigem autorização prévia da PM para realizar festas abertas ao público. A ideia é que eles voltem a acontecer, mas com regras mais definidas.
"Convidamos os moradores para uma reunião que atraiu 60 pessoas, há dez dias, e perguntamos se queriam a volta dos bailes. Os poucos que foram contrários reclamaram do barulho", contou o capitão Renato Senna, comandante da UPP da ladeira dos Tabajaras.
"Definimos regras: não pode ter música com apologia ao crime, o volume deve ser moderado e a festa vai das 22h às 3h. A comunidade também precisa de lazer, e quem vier aqui só para se divertir será muito bem-vindo", disse Senna.
O comandante reforçou o policiamento na comunidade durante o baile. "Normalmente seriam 40 homens, eu chamei 45", disse.
Os policiais se distribuíram entre os acessos ao bairro e a porta da quadra da escola de samba onde a festa ocorreu. Só o próprio comandante e assessores diretos entraram na quadra.
"Estamos cercados, mas neste caso é bom", elogiou a faxineira Fernanda Leite, 28.
Meia hora após o início da música, a iniciativa parecia naufragar: havia menos de dez pessoas no ambiente. Por volta de 0h30, porém, o público começou a chegar. Homens pagavam R$ 8 e mulheres entravam de graça.
Às 2h a quadra estava lotada -500 pessoas, segundo a PM, ou 3.000, conforme informou um dos organizadores. Uma hora depois, porém, o baile já chegava ao fim.
"É muito cedo, vou para a Mangueira", anunciou o auxiliar de serviços gerais Pedro Milito, 29, antes de ouvir que, a partir da próxima semana, o baile irá até as 4h.


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