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São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 2003

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SP recebe enxurrada de indicações

DA REPORTAGEM LOCAL

A psiquiatra Eda Zanetti, 52, do Hospital das Clínicas de São Paulo, disse receber para exames no hospital dez pacientes por semana, de São Paulo e de outros Estados, com indicação de colegas psiquiatras para a realização de cirurgias psiquiátricas para tratamento de transtornos mentais.
Zanetti revelou que, de todos os pacientes examinados (cerca de 400 casos por ano), teriam ocorrido "entre quatro e cinco" cirurgias de 1998 a 2001 no HC. Ela não soube dizer se foi pedida ao CRM (Conselho Regional de Medicina) a criação de uma comissão avaliadora externa para cada caso, antes da operação, como prevê a resolução 1408/94 do CFM (Conselho Federal de Medicina).
A psiquiatra disse que as cirurgias só foram realizadas na Divisão de Neurocirurgia do HC após terem sido tentadas "todas as outras alternativas de tratamento".
O trabalho de Zanetti é fazer a triagem dos pacientes que irão a cirurgia na Divisão de Neurocirurgia. Disse que desde 2001 nenhum outro caso teve a indicação confirmada no HC. Ela contou que alguns casos foram resolvidos "com uma simples pílula".
A psiquiatra opinou que seja empregado até o tratamento por eletrochoques, antes das cirurgias, para saber se o método dá resultados.
Zanetti contou que, às vezes, tem problemas com pacientes e colegas psiquiatras, quando não corrobora a cirurgia: "As pessoas às vezes não querem dizer nem o nome do medicamento que tomam. Querem simplesmente que o hospital endosse a indicação".
A médica, que fez pós-doutorado na Inglaterra na década de 80 sobre o tema, disse que a cirurgia psiquiátrica é proibida na França mas "os médicos operam com outro nome" e seria muito rara nos EUA e na Espanha (dez casos por ano, segundo ela). Na Inglaterra, estudou 160 casos de pacientes depressivos ou com transtornos obsessivo-compulsivos operados antes de 1984. Concluiu que 5% deles estavam "sem remédios e sem sintomas" ou "com alguns sintomas e remédios". Em "60% a 70%", os "sintomas permaneciam e eram tratados com medicamentos". Um doente morreu após a cirurgia. O restante tinha a situação "inalterada".
A assessoria de imprensa do HC informou que a instituição poderá responder nos próximos dias se houve ou não cirurgias psiquiátricas no hospital.


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