|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SP recebe enxurrada de indicações
DA REPORTAGEM LOCAL
A psiquiatra Eda Zanetti, 52, do
Hospital das Clínicas de São Paulo, disse receber para exames no
hospital dez pacientes por semana, de São Paulo e de outros Estados, com indicação de colegas psiquiatras para a realização de cirurgias psiquiátricas para tratamento de transtornos mentais.
Zanetti revelou que, de todos os
pacientes examinados (cerca de
400 casos por ano), teriam ocorrido "entre quatro e cinco" cirurgias de 1998 a 2001 no HC. Ela não
soube dizer se foi pedida ao CRM
(Conselho Regional de Medicina)
a criação de uma comissão avaliadora externa para cada caso, antes
da operação, como prevê a resolução 1408/94 do CFM (Conselho
Federal de Medicina).
A psiquiatra disse que as cirurgias só foram realizadas na Divisão de Neurocirurgia do HC após
terem sido tentadas "todas as outras alternativas de tratamento".
O trabalho de Zanetti é fazer a
triagem dos pacientes que irão a
cirurgia na Divisão de Neurocirurgia. Disse que desde 2001 nenhum outro caso teve a indicação
confirmada no HC. Ela contou
que alguns casos foram resolvidos
"com uma simples pílula".
A psiquiatra opinou que seja
empregado até o tratamento por
eletrochoques, antes das cirurgias, para saber se o método dá resultados.
Zanetti contou que, às vezes,
tem problemas com pacientes e
colegas psiquiatras, quando não
corrobora a cirurgia: "As pessoas
às vezes não querem dizer nem o
nome do medicamento que tomam. Querem simplesmente que
o hospital endosse a indicação".
A médica, que fez pós-doutorado na Inglaterra na década de 80
sobre o tema, disse que a cirurgia
psiquiátrica é proibida na França
mas "os médicos operam com
outro nome" e seria muito rara
nos EUA e na Espanha (dez casos
por ano, segundo ela). Na Inglaterra, estudou 160 casos de pacientes depressivos ou com transtornos obsessivo-compulsivos
operados antes de 1984. Concluiu
que 5% deles estavam "sem remédios e sem sintomas" ou "com alguns sintomas e remédios". Em
"60% a 70%", os "sintomas permaneciam e eram tratados com
medicamentos". Um doente
morreu após a cirurgia. O restante
tinha a situação "inalterada".
A assessoria de imprensa do HC
informou que a instituição poderá responder nos próximos dias
se houve ou não cirurgias psiquiátricas no hospital.
Texto Anterior: Saúde mental: Ministro manda auditar psicocirurgias Próximo Texto: Verba: Ministério não vai pedir novo Orçamento Índice
|