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FORA DA LEI
Segundo o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia do Rio, moradora de morro viu assassinato de jovens
Testemunha acusa policiais, diz deputado
DA SUCURSAL DO RIO
Uma testemunha disse a deputados da Comissão de Direitos
Humanos da Assembléia Legislativa do Rio que viu os dois jovens
rendidos no morro da Providência serem mortos por policiais na
última segunda-feira, durante
operação na favela.
Segundo o presidente da comissão, deputado estadual Geraldo
Moreira (PSB), a testemunha, cujo nome é mantido em sigilo e
prestou declarações informalmente, disse que os dois jovens,
Charles Machado da Silva, 16 e
Luciano Custódio Sales, 24, bateram na porta de sua casa porque
havia tiros no morro, localizado
na zona portuária do Rio.
Meia hora depois, de acordo
com o relato da moradora, os policiais arrombaram a porta de sua
casa e retiraram a dupla.
O parlamentar afirmou que, logo depois, a moradora contou
que os policiais da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais da
Polícia Civil) jogaram os dois rapazes no chão e atiraram primeiro em Luciano. Em seguida, segundo ela, os agentes levantaram
Charles pelo queixo e desferiram
um tiro no peito dele.
A testemunha, de acordo com o
deputado, disse que viu tudo da
casa de uma vizinha. No momento em que os policiais invadiram
sua residência, ela estava com três
crianças, uma delas de apenas
dois meses.
A mesma testemunha também
foi ouvida ontem pela Corregedoria da Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual. Segundo
Geraldo Moreira, a forma como a
delegada da Corregedoria interrogou a moradora fez com que ela
não dissesse diretamente ter presenciado o assassinato. A delegada não quis dar entrevistas.
A assessoria de imprensa do Ministério Público Estadual informou que o depoimento da testemunha à promotora Dora Beatriz
foi contraditório. Primeiro, ela
disse que só ouviu os tiros. No final, confirmou ter visto apenas
Charles ser assassinado pelos
agentes e disse que um policial segurava uma faca ensangüentada.
Até o fechamento desta edição,
o corregedor da Polícia Civil, Paulo Passos, não havia sido encontrado para comentar o depoimento da testemunha.
A mãe de Charles, Elivânia Maria Machado voltou a afirmar ontem que o filho levou uma facada
no ombro antes de ser morto. O
laudo do IML, no entanto, não
aponta isso.
A acusação contra os policiais
surgiu em razão da seqüência de
fotografias publicadas anteontem
no jornal "O Dia". A primeira foto
mostrou os dois rapazes sob a mira de armas da Core, tropa de elite
da Polícia Civil. Em outra fotografia, tirada minutos depois, os policiais carregam os corpos ensangüentados da dupla.
As fotografias foram feitas por
uma equipe do jornal que estava
no helicóptero da polícia que sobrevoava a favela. Cinco policiais
que participavam da operação,
além do titular da Core, delegado
Gláucio Santos, foram afastados
por ordem da governadora Rosinha Matheus (PMDB).
Em depoimento, os suspeitos
disseram que renderam os jovens
na favela. Logo em seguida, teriam sido alvejados a tiros por traficantes que queriam resgatá-los.
Os rapazes rendidos teriam fugido, entrado em uma casa e usado
fuzis para atirar nos policiais.
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