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Jovem é acusado de mandar matar mãe
Rogério Cassimiro/Folha Imagem
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Adriano Saddi Lemos de Oliveira, 23, acusado de matar a própria mãe, deverá permanecer livre no fim de semana por causa das eleições |
Estudante disse, segundo a polícia, ter pago R$ 15 mil para seu motorista contratar criminosos para cometer o crime
Legislação proíbe prender
eleitor, a não ser flagrante
ou por condenação, 5 dias
antes ou 48 horas após o
pleito que termina amanhã
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O estudante de direito Adriano Saddi Lemos Oliveira, 23,
dono de vários imóveis em São
Paulo, é acusado pela polícia de
ter mandado matar a própria
mãe, a empresária Marisa Saddi, 46, em julho deste ano. O
crime foi descoberto anteontem e, segundo a polícia, o aluno da Unip o confessou.
A Justiça concedeu ontem
sua prisão temporária por 30
dias, mas ele não foi preso porque a lei eleitoral só permite
prisões em flagrante. Oliveira
deixou a delegacia ontem.
A mãe de Lemos de Oliveira
foi morta com cinco tiros após
ter sido seqüestrada por dois
homens na noite do dia 26 de
julho. Em depoimento, o estudante afirmou ter pago R$ 15
mil para o seu motorista, Cristiano Borges Ferreira, 27, contratar os assassinos. Mas o funcionário informou à polícia que
o valor pago foi de R$ 40 mil e
que ficou com a metade.
Ainda segundo a polícia, o rapaz contou, na noite de anteontem, que mandou assassinar a
mãe após ela ter tirado dele o
controle das empresas. Adriano também disse que pagava à
empresária uma "mesada" de
cerca de R$ 15 mil. A polícia
afirma que recentemente ele
vendeu um imóvel por R$ 15
milhões a uma rede de ensino.
Ontem, porém, o estudante
não admitiu o crime à Folha.
Seu advogado, Ricardo Bornacina, negou o homicídio e disse
que ele pode ter sido pressionado a confessar.
Adriano também diz em seu
depoimento que ficou insatisfeito ao saber que parte do dinheiro da mesada ia para o namorado da mãe, o delegado
Paulo Roberto Siqueto. Marisa,
disse ele, chegou a lhe pedir R$
60 mil, o que o irritou. Procurado pela Folha, Siqueto não quis
dar declarações.
Crime
O motorista Borges Ferreira
admitiu o crime. "Estou arrependido", disse. Ele contou
que, no dia do assassinato, levou dois homens escondidos na
carroceria de uma picape para a
casa de Marisa, num condomínio fechado e de alto padrão,
Euroville, em Carapicuíba. O
estudante morava com a mãe,
mas não estava na casa. O corpo
foi achado em Vargem Grande.
Além do motorista e do estudante, o comerciante Roberval
da Silva Cavalcanti, 36, que
também teria ajudado a contratar os assassinos, foi detido pela
polícia. Ele nega a acusação.
Todos, porém, foram beneficiados pela lei eleitoral e liberados
ontem. Os seqüestradores ainda são procurados.
Os três envolvidos foram indiciados por homicídio doloso
(com intenção) duplamente
qualificado -por motivo fútil
(dinheiro) e uso de meio que
impossibilitou a defesa. Todos
tiveram a prisão decretada.
Eles, porém, só poderão ser
presos a partir de terça-feira,
em razão do período eleitoral.
A detenção dos três foi feita
anteontem por acaso pelo Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos), que
investigava tráfico de drogas.
Segundo o delegado Cosmo
Stikovics, a polícia chegou aos
suspeitos a partir de informações de traficantes presos na
região de Cotia. As informações
levaram ao motorista, que, segundo o delegado, não tinha
envolvimento com o tráfico,
mas delatou o crime.
A lei que proíbe a prisão durante o período eleitoral, exceto em casos de flagrante, foi
criada em 1965, durante a ditadura militar. O objetivo era assegurar o direito do eleitor de
votar. "Qual o fundamento para
não se prender?", questionou o
advogado Everson Tobaruela.
Colaborou REGIANE SOARES
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