São Paulo, sábado, 30 de setembro de 2006

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Jovem é acusado de mandar matar mãe

Rogério Cassimiro/Folha Imagem
Adriano Saddi Lemos de Oliveira, 23, acusado de matar a própria mãe, deverá permanecer livre no fim de semana por causa das eleições


Estudante disse, segundo a polícia, ter pago R$ 15 mil para seu motorista contratar criminosos para cometer o crime

Legislação proíbe prender eleitor, a não ser flagrante ou por condenação, 5 dias antes ou 48 horas após o pleito que termina amanhã

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante de direito Adriano Saddi Lemos Oliveira, 23, dono de vários imóveis em São Paulo, é acusado pela polícia de ter mandado matar a própria mãe, a empresária Marisa Saddi, 46, em julho deste ano. O crime foi descoberto anteontem e, segundo a polícia, o aluno da Unip o confessou.
A Justiça concedeu ontem sua prisão temporária por 30 dias, mas ele não foi preso porque a lei eleitoral só permite prisões em flagrante. Oliveira deixou a delegacia ontem.
A mãe de Lemos de Oliveira foi morta com cinco tiros após ter sido seqüestrada por dois homens na noite do dia 26 de julho. Em depoimento, o estudante afirmou ter pago R$ 15 mil para o seu motorista, Cristiano Borges Ferreira, 27, contratar os assassinos. Mas o funcionário informou à polícia que o valor pago foi de R$ 40 mil e que ficou com a metade.
Ainda segundo a polícia, o rapaz contou, na noite de anteontem, que mandou assassinar a mãe após ela ter tirado dele o controle das empresas. Adriano também disse que pagava à empresária uma "mesada" de cerca de R$ 15 mil. A polícia afirma que recentemente ele vendeu um imóvel por R$ 15 milhões a uma rede de ensino.
Ontem, porém, o estudante não admitiu o crime à Folha. Seu advogado, Ricardo Bornacina, negou o homicídio e disse que ele pode ter sido pressionado a confessar.
Adriano também diz em seu depoimento que ficou insatisfeito ao saber que parte do dinheiro da mesada ia para o namorado da mãe, o delegado Paulo Roberto Siqueto. Marisa, disse ele, chegou a lhe pedir R$ 60 mil, o que o irritou. Procurado pela Folha, Siqueto não quis dar declarações.

Crime
O motorista Borges Ferreira admitiu o crime. "Estou arrependido", disse. Ele contou que, no dia do assassinato, levou dois homens escondidos na carroceria de uma picape para a casa de Marisa, num condomínio fechado e de alto padrão, Euroville, em Carapicuíba. O estudante morava com a mãe, mas não estava na casa. O corpo foi achado em Vargem Grande.
Além do motorista e do estudante, o comerciante Roberval da Silva Cavalcanti, 36, que também teria ajudado a contratar os assassinos, foi detido pela polícia. Ele nega a acusação.
Todos, porém, foram beneficiados pela lei eleitoral e liberados ontem. Os seqüestradores ainda são procurados. Os três envolvidos foram indiciados por homicídio doloso (com intenção) duplamente qualificado -por motivo fútil (dinheiro) e uso de meio que impossibilitou a defesa. Todos tiveram a prisão decretada.
Eles, porém, só poderão ser presos a partir de terça-feira, em razão do período eleitoral. A detenção dos três foi feita anteontem por acaso pelo Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos), que investigava tráfico de drogas.
Segundo o delegado Cosmo Stikovics, a polícia chegou aos suspeitos a partir de informações de traficantes presos na região de Cotia. As informações levaram ao motorista, que, segundo o delegado, não tinha envolvimento com o tráfico, mas delatou o crime.
A lei que proíbe a prisão durante o período eleitoral, exceto em casos de flagrante, foi criada em 1965, durante a ditadura militar. O objetivo era assegurar o direito do eleitor de votar. "Qual o fundamento para não se prender?", questionou o advogado Everson Tobaruela.


Colaborou REGIANE SOARES


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