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Polícia refaz percurso de advogado morto
Objetivo é buscar imagens dos dois assassinos do criminalista, que denunciou existência de grupo de extermínio em Osasco
Polícia também irá investigar todos os clientes do advogado, morto na última quinta-feira com nove tiros na cabeça
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Em busca de imagens de câmeras de segurança de empresas, prédios e até de radares fotográficos que possam ajudar a
identificar quem são os assassinos do advogado Márcio Roberto Campos, 36, investigadores de Osasco (Grande SP) refizeram ontem as últimas movimentações da vítima.
Campos foi morto com nove
tiros de pistola calibre 45 na cabeça, na noite da última quinta-feira, quando dirigia seu carro
no Jardim das Flores.
O calibre da arma chamou a
atenção dos investigadores,
pois não se trata de um tipo
convencional. Em São Paulo,
pistolas calibre 45 normalmente são usadas por policiais. Pela
quantidade de tiros e por nada
ter sido roubado, a polícia tem
certeza de que o advogado não
foi morto em um assalto.
Há um ano, Campos fez denúncias sobre um grupo de extermínio supostamente formado por policiais militares dos
batalhões 14º e 42º, de Osasco,
chamado "Eu Sou a Morte".
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) classificou o crime como "execução" e acredita
que ele tenha relação direta
com sua atuação profissional.
Ao sofrer o atentado, Campos
estava na área do 42º Batalhão.
Por conta disso, a escala dos
PMs da unidade é investigada.
A polícia quer traçar as possíveis rotas de fuga que podem
ter sido usadas pelos dois assassinos de Campos, que estavam
em um moto preta, com a placa
encoberta por uma borracha.
Foi o garupa quem atirou nove
vezes na cabeça de Campos, segundo dois guardas-civis que
viram o assassinato, a cerca de
300 metros de distância.
Além da hipótese de o advogado ter sido morto por vingança por denunciar o grupo de extermínio, conforme acreditam
seus parentes -que falaram à
Folha sob a condição de anonimato-, todos os seus clientes
serão investigados. Para a polícia, Campos pode ter sido alvo
da ação de algum deles, descontente com sua atuação.
Em setembro de 2007, a Folha revelou a existência do grupo de extermínio, cujos integrantes são suspeitos de 30 assassinatos. À época, a PM afastou das ruas 20 policiais.
Além dos afastados, dois PMs
foram presos. O soldado Fábio
Fernando de Santana Saviolo,
do 42º, foi um deles. O PM teve
o telefone celular apreendido
no local onde três pessoas foram baleadas em setembro de
2007, no Jardim Bonança, periferia de Osasco. Saviolo sempre
negou integrar o grupo de matadores e que tivesse ligação
com os três baleados.
Como advogava para um dos
três baleados, um homem que
hoje está preso por tráfico,
Campos os ajudou a entregar o
celular do PM à Polícia Civil.
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