São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 2008

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Polícia refaz percurso de advogado morto

Objetivo é buscar imagens dos dois assassinos do criminalista, que denunciou existência de grupo de extermínio em Osasco

Polícia também irá investigar todos os clientes do advogado, morto na última quinta-feira com nove tiros na cabeça

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Em busca de imagens de câmeras de segurança de empresas, prédios e até de radares fotográficos que possam ajudar a identificar quem são os assassinos do advogado Márcio Roberto Campos, 36, investigadores de Osasco (Grande SP) refizeram ontem as últimas movimentações da vítima.
Campos foi morto com nove tiros de pistola calibre 45 na cabeça, na noite da última quinta-feira, quando dirigia seu carro no Jardim das Flores.
O calibre da arma chamou a atenção dos investigadores, pois não se trata de um tipo convencional. Em São Paulo, pistolas calibre 45 normalmente são usadas por policiais. Pela quantidade de tiros e por nada ter sido roubado, a polícia tem certeza de que o advogado não foi morto em um assalto.
Há um ano, Campos fez denúncias sobre um grupo de extermínio supostamente formado por policiais militares dos batalhões 14º e 42º, de Osasco, chamado "Eu Sou a Morte".
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) classificou o crime como "execução" e acredita que ele tenha relação direta com sua atuação profissional. Ao sofrer o atentado, Campos estava na área do 42º Batalhão. Por conta disso, a escala dos PMs da unidade é investigada.
A polícia quer traçar as possíveis rotas de fuga que podem ter sido usadas pelos dois assassinos de Campos, que estavam em um moto preta, com a placa encoberta por uma borracha. Foi o garupa quem atirou nove vezes na cabeça de Campos, segundo dois guardas-civis que viram o assassinato, a cerca de 300 metros de distância.
Além da hipótese de o advogado ter sido morto por vingança por denunciar o grupo de extermínio, conforme acreditam seus parentes -que falaram à Folha sob a condição de anonimato-, todos os seus clientes serão investigados. Para a polícia, Campos pode ter sido alvo da ação de algum deles, descontente com sua atuação.
Em setembro de 2007, a Folha revelou a existência do grupo de extermínio, cujos integrantes são suspeitos de 30 assassinatos. À época, a PM afastou das ruas 20 policiais.
Além dos afastados, dois PMs foram presos. O soldado Fábio Fernando de Santana Saviolo, do 42º, foi um deles. O PM teve o telefone celular apreendido no local onde três pessoas foram baleadas em setembro de 2007, no Jardim Bonança, periferia de Osasco. Saviolo sempre negou integrar o grupo de matadores e que tivesse ligação com os três baleados.
Como advogava para um dos três baleados, um homem que hoje está preso por tráfico, Campos os ajudou a entregar o celular do PM à Polícia Civil.


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