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Delegado de SP acusado de tortura ganha prêmio
José Vinciprova foi premiado como "Policial do Mês" pela Delegacia Geral; motoboy diz ter confessado homicídios após sofrer maus-tratos
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O delegado José Vinciprova,
acusado por um motoboy de ter
obtido a confissão de nove homicídios com o uso de tortura,
foi premiado ontem como "Policial do Mês" pela Delegacia
Geral de Polícia de São Paulo.
Outras três equipes da polícia
foram condecoradas.
O delegado-geral, Maurício
Lemos Freire, estava presente
na cerimônia, realizada na Academia de Polícia Civil, na zona
oeste de São Paulo. Ontem, a
Polícia Civil paulista comemorou 103 anos.
A Folha revelou ontem que
Vinciprova chefiou a equipe do
DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa)
que prendeu em 2003 o motoboy M.L. e obteve dele a confissão de nove homicídios, ocorridos na sua maioria no Capão
Redondo, na zona sul de São
Paulo.
M.L. disse à Folha que confessou os casos porque foi torturado na rua, no carro da polícia e dentro do DHPP. Quatro
co-réus também relataram à
Justiça ter sofrido tortura para
confessar os crimes.
Das nove acusações contra
M.L., cinco já foram arquivadas
pela Justiça por falta de provas.
O DHPP é considerado por
especialistas como a melhor
delegacia de homicídios do
país. Apesar dos relatos de
tortura feitos à Justiça, a
Corregedoria da Polícia Civil
não iniciou nenhuma investigação sobre as acusações de
maus-tratos.
Vinciprova negou com veemência ter praticado tortura.
De acordo com ele, as acusações são "absurdas".
Crime esclarecido
O delegado foi premiado porque a sua equipe no departamento de homicídios conseguiu esclarecer a morte de quatro peruanos envolvidos em
tráfico internacional, segundo
a versão da polícia.
No caso, ocorrido em outubro do ano passado com desdobramento até maio deste ano,
foram presas oito pessoas e
apreendidos 2,5 toneladas de
maconha e 30 quilos de cocaína, segundo Vinciprova.
Procurada pela Folha, a Delegacia Geral não respondeu a
um pedido de entrevista sobre
o prêmio dado a Vinciprova.
A Secretaria da Segurança
informou que a Delegacia Geral vai reunir todos os inquéritos envolvendo o motoboy para
estudar se a Corregedoria da
Polícia Civil vai instaurar um
procedimento para investigar
as suspeitas de maus-tratos.
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