São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

FOCO

Após 22 anos, pintor restaura painéis na Marechal Deodoro

REYNALDO TUROLLO JR.
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os sete painéis em óleo sobre madeira instalados na estação de metrô Marechal Deodoro, na região central de SP, estão sendo restaurados pelo artista plástico Gontran Guanaes Netto, 78. Ele pintou os painéis em 1989. Um deles chega a ter 16 metros de comprimento.
Os mais conhecidos, os painéis 6 e 7 da série, "Marianne", foram inspirados no quadro "A Liberdade Guiando o Povo" (1830), do francês Eugène Delacroix. Mostram a figura feminina da liberdade rodeada por boias-frias.
A série foi pintada a céu aberto na praça Marechal Deodoro no ano do centenário da Revolução Francesa. "As pessoas traziam fotos para eu retratá-las na obra", conta.
Entre os rostos anônimos do painel 4, "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão", instalado sobre a escadaria da estação, Gontran colocou figuras históricas, como os brasileiros Carlos Marighella (1911-69) e Olga Benário (1908-42) e o chileno Salvador Allende (1908-73).
"Nesta restauração, vou incluir o [Iasser] Arafat [1929-2004]", adianta o artista. Ele é a favor da causa palestina.
O trabalho de restauração dos painéis na estação Mal. Deodoro vai até 10 de outubro. O artista diz que gosta de ser observado pelos usuários do metrô enquanto trabalha.

OBRA SOCIAL
"Meu sonho, ao vir para o Brasil [em 1989], era fazer uma grande obra social. Por isso escolhi um lugar público", conta. "Agora, aos quase 80 anos, quero deixar no Brasil a melhor obra que puder."
Apesar da redemocratização, Gontran -que foi perseguido pela ditadura militar até exilar-se na França-, ao pintar a série, em 1989, temia a destruição dos painéis "pelos resquícios da ditadura".
Decidiu pintar, então, em módulos de compensado naval de 1 m por 1 m, "fáceis de serem desmontados e encaixotados se algo acontecesse".
Gontran nasceu em 1933 em Vera Cruz (interior de SP) e, desde 1969, vive na França, onde foi professor na Faculdade de Arquitetura de Nantes e fundou o Espaço Cultural Latino Americano.
Após o restauro no centro, ele e seu assistente, Fábio Roberto Ribeiro, 25, vão restaurar outros dez painéis na estação Corinthians/Itaquera (zona leste). Cada um tem 13 metros de comprimento.


Texto Anterior: Ruy Casão (1924-2011): Na cidade, manteve-se pescador
Próximo Texto: Metrô ignora Promotoria e mantém contrato da linha 5
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.