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EDUCAÇÃO
Pressão e ansiedade se devem em parte à atitude dos pais, que querem ver os filhos realizarem seus "sonhos" pessoais
Prova é ruim e ilegal, dizem especialistas
DA REPORTAGEM LOCAL
Especialistas em educação afirmam que, além de não ser adequado para crianças que saem do
ensino infantil, o vestibulinho
desrespeita a lei brasileira.
Eles dizem também que a pressão e a ansiedade causadas pela
prova se devem em grande parte à
atitude dos pais, que querem ver
os filhos realizarem seus "sonhos"
pessoais e, quando isso não acontece, ficam frustrados, fazendo
com que a criança se sinta responsável pela decepção.
A seleção por meio de um vestibulinho é uma prática existente
apenas no Brasil, afirma Elvira
Souza Lima, pesquisadora em desenvolvimento humano com especialização em infância e consultora internacional em educação.
Segundo ela, o problema são as
pressuposições dos exames.
"Muitas vezes, a escola avalia coisas que ainda não foram desenvolvidas em uma criança."
A exigência da alfabetização,
por exemplo, reduz as atividades
próprias da infância, que são
substituídas por um processo de
aprendizado forçado. "Às vezes, o
que se espera da criança é muito.
Isso pode criar um sentimento de
que ela não está conseguindo
acompanhar, o que traz insegurança e é prejudicial", diz.
Os pais contribuem com a pressão. Eles acabam coagindo os filhos a passar no exame da escola
desejada, na opinião de Lima.
Ana Maria Mello, psicóloga,
pós-graduada em educação e diretora da creche da USP de Ribeirão Preto (SP), afirma que a exigência do vestibulinho é ilegal.
Ela lembra que a LDB (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação)
estabelece que a avaliação, na
educação infantil, seja feita só pelo acompanhamento e registro do
desenvolvimento do aluno, sem o
objetivo de promoção.
A avaliação é compartilhada
por Sylvia Gouvêa, relatora do parecer do CNE, e pelo presidente
da Câmara de Educação Básica do
conselho, Francisco Aparecido
Cordão. "Estamos acabando com
um absurdo que nunca deveria
ter existido." Segundo ele, as escolas têm de escolher critérios de seleção menos discriminatórios,
agressivos e competitivos.
Para Mello, a exposição da
criança muito cedo a uma disputa
por uma escola de status e de qualidade prejudica o seu desenvolvimento. Ela diz que o caráter discriminatório do vestibulinho fica
claro no fato de ele não levar em
conta deficiências físicas ou mentais de alguns estudantes.
A proibição é um bom "puxão
de orelha" nos pais, diz Hebe Tolosa, presidente da Apaesp (Associação de Pais de Alunos do Estado de São Paulo). "Canso de receber mães que buscam aulas particulares para o filho entrar numa
escola mais por status do que por
qualidade. Elas não se dão conta
de que, com isso, podem estar gerando um transtorno", afirma.
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