São Paulo, domingo, 30 de outubro de 2005

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ACERVO ESPECIAL

Oito unidades receberão obras específicas sobre temas como cultura popular, teatro e contos de fada

São Paulo ganhará bibliotecas temáticas

LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

A cidade de São Paulo vai contar com acervos temáticos em oito bibliotecas públicas municipais a partir do próximo ano. Os usuários poderão encontrar livros e outros materiais sobre cinema, música, teatro, cultura popular, ciências, ambiente, contos de fada e arquitetura e urbanismo. A iniciativa é considerada pioneira no país.
Atualmente, as bibliotecas públicas paulistanas têm um acervo padronizado baseado em livros que abordam temas até o ensino médio. Apenas as obras literárias são diversificadas.
Inicialmente, serão comprados 300 títulos para cada biblioteca temática. Cinco delas -cinema, ciência, música, ambiente e arquitetura e urbanismo- devem receber o novo acervo até março. Serão investidos R$ 300 mil na compra desses exemplares. As demais bibliotecas só devem contar com conteúdo especializado em junho. Ainda está sendo feito um estudo bibliográfico para definir os títulos.
A proposta é que o acervo cresça a cada ano. No entanto, os recursos destinados para a área são poucos. De acordo com Maria Zenita Monteiro, da Coordenadoria do Sistema Municipal de Bibliotecas, a previsão para 2006 é que se gaste apenas R$ 1,126 milhão com a compra de cerca de 20 mil exemplares de livros, periódicos e outras obras para as 54 bibliotecas da cidade. Para ela, a verba é insuficiente. "Não dá para repor, [livros danificados] nem para atualizar o material. Vamos ter que pensar bem no que iremos comprar." O investimento mínimo necessário seria de R$ 4,5 milhões, afirma. A Secretaria da Cultura detém pouco mais de 1% do orçamento de 2006 enviado para aprovação na Câmara Municipal.
As unidades escolhidas para receber o material temático continuarão a manter os acervos gerais que já possuem. Os livros específicos ficarão em salas ou estantes separadas dos demais.
Além dos novos livros, as unidades também passarão a abrigar atividades ligadas a cada área temática. A Anne Frank, no Itaim Paulista (zona leste), que abrigará livros sobre teatro, teve o auditório todo reformado para poder receber espetáculos.
A maior parte das bibliotecas temáticas foi escolhida de acordo com a vocação da área onde se situam, disse Monteiro. A Alceu Amoroso Lima, que fica em Pinheiros (zona oeste), por exemplo, terá um acervo sobre música, pois fica numa região onde há cursos sobre o assunto e lojas de instrumentos musicais.
Algumas unidades mudaram de nome para se adequar ao novo acervo. Foi o caso da Presidente Kennedy, que passou a se chamar Prefeito Prestes Maia porque reunirá material sobre arquitetura e urbanismo. Prestes Maia foi engenheiro, arquiteto e ex-prefeito de São Paulo por duas vezes (1938-1945 e 1961-1965). A unidade fica em Santo Amaro (zona sul).
Para a professora Maria Helena de Barros, chefe do departamento de Ciências da Informação da Unesp de Marília (444 km a noroeste da capital), o ideal é que o acervo temático fosse digitalizado e colocado na internet para que pessoas de qualquer região da cidade tivessem acesso ao material. Desta forma, quem quer saber mais de música e não mora na zona oeste poderia ter acesso aos livros pela internet.
Ela destacou que as bibliotecas temáticas não podem ser encaradas como referência no assunto que abordam. "Centros de referência são completamente diferentes", afirmou.
Na opinião de Luís Milanesi, diretor da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP e professor do Departamento de Biblioteconomia, a idéia das bibliotecas temáticas é boa, desde que não transforme uma biblioteca pública, para um público heterogêneo, em um espaço para um público específico.

Unificação
Outra mudança prevista é a unificação de unidades. Bibliotecas que funcionavam num mesmo local, mas eram destinadas a públicos diferentes, juntarão seus acervos e passarão a ser consideradas como uma unidade.
Isso foi feito em 16 bibliotecas, que foram -apenas oficialmente- transformadas em oito. Na prática, as mudanças físicas e a integração das equipes ainda serão efetivadas. Segundo Monteiro, os funcionários serão treinados para atender os diversos públicos.


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