|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ACERVO ESPECIAL
Oito unidades receberão obras específicas sobre temas como cultura popular, teatro e contos de fada
São Paulo ganhará bibliotecas temáticas
LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A cidade de São Paulo vai contar
com acervos temáticos em oito bibliotecas públicas municipais a
partir do próximo ano. Os usuários poderão encontrar livros e
outros materiais sobre cinema,
música, teatro, cultura popular,
ciências, ambiente, contos de fada
e arquitetura e urbanismo. A iniciativa é considerada pioneira no
país.
Atualmente, as bibliotecas públicas paulistanas têm um acervo
padronizado baseado em livros
que abordam temas até o ensino
médio. Apenas as obras literárias
são diversificadas.
Inicialmente, serão comprados
300 títulos para cada biblioteca temática. Cinco delas -cinema,
ciência, música, ambiente e arquitetura e urbanismo- devem receber o novo acervo até março.
Serão investidos R$ 300 mil na
compra desses exemplares. As demais bibliotecas só devem contar
com conteúdo especializado em
junho. Ainda está sendo feito um
estudo bibliográfico para definir
os títulos.
A proposta é que o acervo cresça a cada ano. No entanto, os recursos destinados para a área são
poucos. De acordo com Maria Zenita Monteiro, da Coordenadoria
do Sistema Municipal de Bibliotecas, a previsão para 2006 é que se
gaste apenas R$ 1,126 milhão com
a compra de cerca de 20 mil
exemplares de livros, periódicos e
outras obras para as 54 bibliotecas
da cidade. Para ela, a verba é insuficiente. "Não dá para repor, [livros danificados] nem para atualizar o material. Vamos ter que
pensar bem no que iremos comprar." O investimento mínimo
necessário seria de R$ 4,5 milhões, afirma. A Secretaria da Cultura detém pouco mais de 1% do
orçamento de 2006 enviado para
aprovação na Câmara Municipal.
As unidades escolhidas para receber o material temático continuarão a manter os acervos gerais
que já possuem. Os livros específicos ficarão em salas ou estantes
separadas dos demais.
Além dos novos livros, as unidades também passarão a abrigar
atividades ligadas a cada área temática. A Anne Frank, no Itaim
Paulista (zona leste), que abrigará
livros sobre teatro, teve o auditório todo reformado para poder receber espetáculos.
A maior parte das bibliotecas temáticas foi escolhida de acordo
com a vocação da área onde se situam, disse Monteiro. A Alceu
Amoroso Lima, que fica em Pinheiros (zona oeste), por exemplo, terá um acervo sobre música,
pois fica numa região onde há
cursos sobre o assunto e lojas de
instrumentos musicais.
Algumas unidades mudaram de
nome para se adequar ao novo
acervo. Foi o caso da Presidente
Kennedy, que passou a se chamar
Prefeito Prestes Maia porque reunirá material sobre arquitetura e
urbanismo. Prestes Maia foi engenheiro, arquiteto e ex-prefeito de
São Paulo por duas vezes (1938-1945 e 1961-1965). A unidade fica
em Santo Amaro (zona sul).
Para a professora Maria Helena
de Barros, chefe do departamento
de Ciências da Informação da
Unesp de Marília (444 km a noroeste da capital), o ideal é que o
acervo temático fosse digitalizado
e colocado na internet para que
pessoas de qualquer região da cidade tivessem acesso ao material.
Desta forma, quem quer saber
mais de música e não mora na zona oeste poderia ter acesso aos livros pela internet.
Ela destacou que as bibliotecas
temáticas não podem ser encaradas como referência no assunto
que abordam. "Centros de referência são completamente diferentes", afirmou.
Na opinião de Luís Milanesi, diretor da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP e professor
do Departamento de Biblioteconomia, a idéia das bibliotecas temáticas é boa, desde que não
transforme uma biblioteca pública, para um público heterogêneo,
em um espaço para um público
específico.
Unificação
Outra mudança prevista é a unificação de unidades. Bibliotecas
que funcionavam num mesmo
local, mas eram destinadas a públicos diferentes, juntarão seus
acervos e passarão a ser consideradas como uma unidade.
Isso foi feito em 16 bibliotecas,
que foram -apenas oficialmente- transformadas em oito. Na
prática, as mudanças físicas e a integração das equipes ainda serão
efetivadas. Segundo Monteiro, os
funcionários serão treinados para
atender os diversos públicos.
Texto Anterior: Há 50 anos: Perón é declarado culpado por traição Próximo Texto: Projeto não inclui fim do déficit de funcionários Índice
|