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Atraso em vôo evita riscos, diz sindicato
Presidente da entidade que reúne civis que fazem controle de aviões afirma que condições de trabalho reduzem segurança
Ontem foi o terceiro dia consecutivo de atrasos em aeroportos devido à
operação-padrão, que é negada pela Aeronáutica
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os atrasos em vôos, registrados ontem pelo terceiro dia
consecutivo em alguns dos
principais aeroportos do país,
representam, na verdade, uma
tentativa de preservar a segurança dos passageiros. A afirmação é de Jorge Botelho, presidente do Sindicato Nacional
dos Trabalhadores de Proteção
ao Vôo, entidade que reúne os
civis que atuam como controladores de vôos.
"É uma questão de segurança
para a população", disse Botelho, acrescentando que os controladores decidiram cumprir
determinações recomendadas
internacionalmente.
Na prática, a operação-padrão iniciada na última sexta-feira pelos operadores de vôo
de Brasília consiste em dobrar,
de 5 milhas para 10 milhas náuticas, a distância entre os
aviões. Isso implica coibir pousos e decolagens com pouco intervalo. No limite, os aviões
acabam proibidos de deixar o
solo. Também reduziram o número de aviões que são "vigiados" por cada controlador. A
Aeronáutica nega que exista a
operação-padrão.
"Trabalhando com um número a mais de aviões você acaba colocando em risco a segurança. Por isso nós resolvemos
que não vamos mais trabalhar
nessas condições", disse Botelho. Apesar de seu sindicato representar apenas os controladores aéreos civis -no Brasil, a
maior parte desses profissionais é formada por militares ligados ao comando da Aeronáutica-, Botelho afirma que, neste momento, fala também em
nome dos militares, pois reuniu-se várias vezes com os seus
diversos setores.
Anteontem, o comando da
Aeronáutica convocou uma entrevista para negar a existência
da operação-padrão. De acordo
com o tenente-brigadeiro-do-ar Paulo Roberto Vilarinho, do
Departamento de Controle do
Espaço Aéreo, problemas meteorológicos e o aumento do
tráfego aéreo por conta das
eleições têm, entre outros fatores, provocado os atrasos.
A equipe de cerca de 60 operadores de Brasília, todos militares de baixa patente, está desfalcada de oito profissionais,
afastados desde a queda do
Boeing da Gol, um mês atrás.
Atrasos
O terceiro dia de operação-padrão dos controladores em
Brasília teve ontem menor escala. Mesmo assim, houve atrasos em decolagens na capital federal, Belo Horizonte (Confins), Rio (Galeão) e São Paulo
(Cumbica), entre outros.
Segundo balanço da Aeronáutica atualizado às 18h30 de
ontem, os atrasos começaram
por volta das 14h, estendendo-se até as 16h30, quando a situação foi normalizada nos quatro
aeroportos. De acordo com a
Força, responsável pelo controle aéreo do país, a média dos
atrasos foi de 20 minutos. Mas
em Manaus, por exemplo, dois
vôos tiveram atraso de quatro
horas e em Campinas a média
foi de duas horas.
De acordo com dois controladores de vôo ouvidos ontem pela reportagem, se não houver
um "enquadramento" por parte do Comando da Aeronáutica,
quarta-feira deverá ser o "dia
D" do protesto atual.
O motivo é óbvio: será a véspera do feriado prolongado,
quando os aeroportos normalmente já ficam mais lotados do
que na média.
Para tentar conter a insatisfação dos controladores, o governo anunciou um investimento de cerca de R$ 10 milhões na melhoria do tráfego
aéreo de Brasília. Além disso, a
Aeronáutica diz que controladores de outros Estados estão
sendo remanejados para Brasília.
(MARIANA TAMARI E EDUARDO SCOLESE)
Colaborou IGOR GIELOW, secretário de Redação da Sucursal de Brasília
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