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FAB diz que empresas escondem panes
Objetivo seria evitar mais desgaste com a crise aérea, já que em emergências bombeiros devem acompanhar o pouso
No incidente mais recente, avião da Pantanal com 29 pessoas sofreu pane, mas só foi solicitado que bombeiros ficassem "na escuta"
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Aeronáutica emitiu um comunicado afirmando que as
empresas aéreas estão "constantemente" escondendo as
panes de seus aviões e colocando em risco a vida dos passageiros para evitar mais desgaste
durante a crise aérea.
A Aeronáutica já identificou
dois casos no aeroporto de
Congonhas (zona sul de São
Paulo) nos quais os comandantes não acionaram emergência
com a torre de controle para
não alarmar os passageiros, já
que carros de bombeiro acompanhariam o pouso diretamente na pista.
O incidente mais recente, o
único reportado em detalhes,
ocorreu no dia 1º de outubro.
Um ATR-42 da empresa Pantanal que fazia o trecho Bauru-Congonhas com 29 pessoas a
bordo sofreu uma pane no motor direito, mas foi solicitado
apenas que os bombeiros ficassem "na escuta".
Situação recorrente
"Casos como este têm ocorrido constantemente em vários
aeroportos administrados pela
Infraero, ocasionando o acionamento do SCI (Serviço Contra Incêndio) sem a solicitação
dos tripulantes [para que seja
mobilizada uma equipe na pista], com o intuito de preservar
vidas humanas", diz o relatório
emitido pelo Cenipa (Centro de
Investigação e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos) da
Aeronáutica.
"É necessário conscientizar
os pilotos sobre a gravidade da
situação ou mudar a legislação
em vigor para não corrermos o
risco de perder vidas humanas
em virtude da ação de comandantes que não desejem expor a
empresa aérea na situação de
uma emergência", diz o texto.
A FAB apenas faz o alerta,
não tem poder de punição nesse caso. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), responsável por fiscalizar as empresas,
foi procurada, mas não respondeu sobre o caso.
O procedimento recomendado pela legislação aeronáutica é
avisar a torre de controle sobre
a situação de emergência
("Mayday") ou de urgência
("Pan"). Os controladores então acionam equipes no solo
para agir imediatamente.
No caso da Pantanal, a turbina teve superaquecimento e
havia risco de incêndio. O comandante "embandeirou" o
motor (posicionou as hélices de
forma que não atrapalhasse o
vôo por arrasto aerodinâmico)
e pousou sem problemas.
"A SCI fica de "QAP" [na escuta] 24 horas por dia e cabe ao
comandante informar sua condição", diz o texto.
A empresa já sofreu outros
dois incidentes graves neste
ano. Um dia antes do acidente
do vôo 3054 da TAM, um ATR
da Pantanal derrapou em Congonhas -não se sabe ainda se
foi pista escorregadia ou problemas no trem de pouso.
Em março, outro ATR, também no trecho Bauru-Congonhas, despencou quase 12 mil
pés (3,7 km), e o piloto só conseguiu controlar a aeronave a
5.200 pés (1,6 km) do solo. Na
época, a empresa afirmou que a
causa foi um problema meteorológico, mas o caso está sob investigação.
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