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Químico prestou consultoria para mais 8 laticínios
Acusado de criar a fórmula para adulterar leite disse em depoimento que prestou serviços para empresas de MG e SP
Segundo a Polícia Federal, os laticínios podem ser investigados; empresas negam ter comprado qualquer tipo de fórmula
JUCIMARA DE PAUDA
DA FOLHA RIBEIRÃO
O químico Pedro Renato
Borges, acusado de ser o responsável pela fórmula adicionada ao leite da Copervale, de
Uberaba (MG), prestou serviços para mais oito laticínios.
A cooperativa é um dos pivôs
da investigação sobre adulteração de leite em Minas. Investigação da Polícia Federal encontrou substâncias como soda
cáustica e água oxigenada no
leite da Copervale e da Casmil,
de Passos. Entre os clientes delas estão Parmalat, Nestlé e Calu -há ainda marcas próprias,
como Centenário (Copervale).
No depoimento à PF, Borges
contou que, além de Copervale,
Casmil e Calu (Uberlândia,
MG), ele prestava serviços para
Laticínios Herculândia (de
Herculândia, SP), Fazenda Bela
Vista (Tapiratiba, SP), Doceria
Primavera (Cravinhos, SP), Laticínio Canto de Minas (Ituiutaba, MG), Biolac (Monte Carmelo, MG), Cooperativa Agropecuária Boa Esperança (Boa
Esperança, MG), Coplap - Cooperativa de Produtores da Alta
Paulista (Tupã, SP) e Laticínio
Zacarias (Monções, SP).
As empresas confirmaram
que ele lhes prestou consultoria, mas negaram ter comprado
qualquer fórmula (leia texto
abaixo). Segundo a PF, os oito
laticínios podem ser investigados no inquérito que apura a
adulteração no leite.
O químico disse que ganhava
de R$ 800 a R$ 1.200 por visitas
mensais a cada cooperativa. No
depoimento, negou ter inventado a fórmula que era adicionada ao leite da Copervale para
mascarar o volume de água.
Borges foi um dos presos na
operação Ouro Branco deflagrada pela PF no dia 22 em
Uberaba e Passos sobre adulteração de leite integral longa vida. Foi solto na madrugada de
sábado. Seu advogado, Rodrigo
Bueno Braga, disse que ele é
inocente -em Uberaba só permanece preso o presidente da
Copervale, Luiz Gualberto Ribeiro Ferreira.
"Ele [Borges] esparramou a
mistura para todo o lugar. Se
fiscalizarem vão pegar", disse à
Folha o homem que denunciou
a fraude à PF, na condição de
não ser identificado. Segundo
ele, a maioria dos funcionários
da Copervale, inclusive diretores, sabia da adulteração.
Em São Paulo, técnicos da
prefeitura, do Estado e do Ministério da Agricultura fiscalizaram ontem a interdição ao
leite adulterado. Nenhum produto de lotes bloqueados foi
encontrado nos mercados.
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