São Paulo, terça-feira, 30 de outubro de 2007

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Químico prestou consultoria para mais 8 laticínios

Acusado de criar a fórmula para adulterar leite disse em depoimento que prestou serviços para empresas de MG e SP

Segundo a Polícia Federal, os laticínios podem ser investigados; empresas negam ter comprado qualquer tipo de fórmula

JUCIMARA DE PAUDA
DA FOLHA RIBEIRÃO

O químico Pedro Renato Borges, acusado de ser o responsável pela fórmula adicionada ao leite da Copervale, de Uberaba (MG), prestou serviços para mais oito laticínios.
A cooperativa é um dos pivôs da investigação sobre adulteração de leite em Minas. Investigação da Polícia Federal encontrou substâncias como soda cáustica e água oxigenada no leite da Copervale e da Casmil, de Passos. Entre os clientes delas estão Parmalat, Nestlé e Calu -há ainda marcas próprias, como Centenário (Copervale).
No depoimento à PF, Borges contou que, além de Copervale, Casmil e Calu (Uberlândia, MG), ele prestava serviços para Laticínios Herculândia (de Herculândia, SP), Fazenda Bela Vista (Tapiratiba, SP), Doceria Primavera (Cravinhos, SP), Laticínio Canto de Minas (Ituiutaba, MG), Biolac (Monte Carmelo, MG), Cooperativa Agropecuária Boa Esperança (Boa Esperança, MG), Coplap - Cooperativa de Produtores da Alta Paulista (Tupã, SP) e Laticínio Zacarias (Monções, SP).
As empresas confirmaram que ele lhes prestou consultoria, mas negaram ter comprado qualquer fórmula (leia texto abaixo). Segundo a PF, os oito laticínios podem ser investigados no inquérito que apura a adulteração no leite.
O químico disse que ganhava de R$ 800 a R$ 1.200 por visitas mensais a cada cooperativa. No depoimento, negou ter inventado a fórmula que era adicionada ao leite da Copervale para mascarar o volume de água.
Borges foi um dos presos na operação Ouro Branco deflagrada pela PF no dia 22 em Uberaba e Passos sobre adulteração de leite integral longa vida. Foi solto na madrugada de sábado. Seu advogado, Rodrigo Bueno Braga, disse que ele é inocente -em Uberaba só permanece preso o presidente da Copervale, Luiz Gualberto Ribeiro Ferreira.
"Ele [Borges] esparramou a mistura para todo o lugar. Se fiscalizarem vão pegar", disse à Folha o homem que denunciou a fraude à PF, na condição de não ser identificado. Segundo ele, a maioria dos funcionários da Copervale, inclusive diretores, sabia da adulteração.
Em São Paulo, técnicos da prefeitura, do Estado e do Ministério da Agricultura fiscalizaram ontem a interdição ao leite adulterado. Nenhum produto de lotes bloqueados foi encontrado nos mercados.


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