ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Assim que se formou em direito pela USP em 1942, Egberto Lacerda Teixeira ganhou uma bolsa de estudos nos EUA, mas não viajou. O pai não quis que ele saísse do Brasil em tempos de guerra.
Mesmo assim, não desistiu: conseguiu outra oportunidade e convenceu o pai a deixá-lo ir. Voos noturnos estavam então proibidos por causa do conflito, e ele levou quatro dias para chegar a seu destino.
O mestrado pela Universidade de Michigan em Ann Arbor (EUA) foi concluído em 1945. De volta, teve dificuldade para arrumar emprego.
Começou como caixa do Citibank, fato de que se orgulhava. Depois, fez trabalhos jurídicos na Ford e achou tempo para montar o próprio escritório. No início, à espera dos primeiros clientes, lia jornal.
Com o tempo, as coisas engrenaram. Egberto foi advogado do milionário norte-americano Nelson Rockefeller e autor de livros jurídicos.
Seu "Das Sociedades por Quotas de Responsabilidade Limitada" (1956) tornou-se clássico do direito brasileiro.
Certa vez, decidiu conhecer o mundo. Voltou, em 1964, falando de zen-budismo e foi fazer ioga, que praticou por longos anos. Era calmo e ponderado, conta a filha Laïs.
Amigos diziam que, quando ele estava do outro lado de uma ação, era meio caminho andado para um acordo.
Sócio do escritório TozziniFreire, estava afastado do trabalho havia cerca de sete anos devido a problemas de saúde.
Morreu anteontem, aos 90, de falência de órgãos. Deixa duas filhas e três netos.

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