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Comitê aponta erros em túneis e sobrepreço em obra do trem-bala
Especialistas afirmam que não há consistência técnica no estudo da ligação ferroviária
DA REPORTAGEM LOCAL
O Comitê Brasileiro de Túneis (CBT) aponta erros e até
sobrepreços nos valores dos túneis do primeiro trem-bala brasileiro. Segundo o presidente
do CBT, Tarcísio Barreto Celestino, não há consistência
técnica no estudo da ligação
ferroviária entre Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas, que
deve custar R$ 35 bilhões.
Celestino afirma que é a favor do empreendimento, mas
diz temer que a obra seja realizada sem embasamento técnico. "O custo dos túneis na área
rural está 46,1% mais caro do
que na área urbana", diz, ao citar uma das inconsistências do
estudo requisitado pelo governo Lula e que deverá embasar a
contratação da empresa responsável pela construção e
operação do trem-bala.
A meta do governo é licitar a
obra nos próximos meses para
que ela seja entregue até 2015,
antes da Olimpíada do Rio.
A avaliação do CBT -integrado por alguns dos principais
especialistas da área- foi apresentada anteontem em debate
no Instituto de Engenharia.
Para Celestino, as incoerências nos valores em relação à
realidade do mercado indicam
que, na prática, os gastos do
trem-bala poderiam ficar muito abaixo da estimativa.
O comitê, assim como outras
instituições de engenharia (que
contestam também as projeções de demanda), questionam
a decisão do governo federal de
lançar a concorrência sem fazer antes um projeto básico do
empreendimento -procedimento corriqueiro do setor público, por exemplo, ao construir uma linha de metrô.
Eles alegam que, sem um detalhamento confiável, os riscos
serão muito grandes -tanto de
imprevistos na execução da
obra como nos preços.
Além da diferença de valores
nos túneis em áreas urbana e
rural, Celestino diz que, na projeção do governo, há túneis
com diâmetros maiores que
custam menos do que os de diâmetros menores e que a técnica
usada para a perfuração também apresenta incongruências.
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