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Promotoria acusa empresa de simular radioterapia
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo menos sete doentes de
câncer de Santos, no litoral de
São Paulo, foram enganados e
submetidos a sessões de radioterapia sem que o aparelho médico tenha sido ligado, aponta
uma investigação do Ministério Público do Estado.
O "simulacro", de acordo
com o Ministério Público,
ocorreu no hospital Beneficência Portuguesa de Santos entre
março e maio deste ano. O serviço de radioterapia do hospital
era dirigido na época pela empresa Unirad.
A Folha não conseguiu contato com nenhum dos sócios da
Unirad. Entre eles, está o médico Paulo Eduardo Novaes, que
já foi presidente da Sociedade
Brasileira de Radioterapia e
atualmente dirige a Associação
Latino-Americana de Radioterapia Oncológica.
Pacientes
O Ministério Público chegou
à conclusão de que o aparelho
-um acelerador linear fabricado nos anos 70- estava estragado após ouvir uma funcionária técnica do serviço e dois
doentes.
De acordo com os pacientes,
em algumas sessões o aparelho
não fazia o ruído característico
do funcionamento e não se
acendia a luz que alerta para a
presença de radiação.
Segundo o promotor Cássio
Roberto Conserino, a funcionária disse que os médicos da
Unirad argumentavam que os
pacientes, mesmo não sendo
submetidos à radiação, melhorariam no aspecto psicológico.
O Ministério Público também investiga a denúncia de
que outro aparelho de radioterapia da Beneficência Portuguesa -uma bomba de cobalto- funcionava com material
radiológico vencido.
Danos
Não se sabe se algum doente
morreu em decorrência do "simulacro". Cerca de cem pacientes eram atendidos por dia
no serviço de radioterapia da
Beneficência Portuguesa -a
maioria pelo SUS (Sistema
Único de Saúde) e uma pequena parte por planos de saúde.
Segundo a Beneficência Portuguesa, o contrato com a Unirad foi encerrado há 15 dias,
após mais de 20 anos de parceria, por causa das supostas irregularidades.
O serviço de radiologia está
fechado. Quando for reaberto,
após a aquisição de novos equipamentos, será administrado
pelo próprio hospital.
A Beneficência Portuguesa
diz que está investigando o caso. "Estamos estarrecidos",
afirma o diretor técnico do hospital, Mario Cardoso.
O Ministério Público afirma
que apresentará ação judicial
contra os responsáveis quando
concluir as investigações.
(RICARDO WESTIN)
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