São Paulo, sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Promotoria acusa empresa de simular radioterapia

DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos sete doentes de câncer de Santos, no litoral de São Paulo, foram enganados e submetidos a sessões de radioterapia sem que o aparelho médico tenha sido ligado, aponta uma investigação do Ministério Público do Estado.
O "simulacro", de acordo com o Ministério Público, ocorreu no hospital Beneficência Portuguesa de Santos entre março e maio deste ano. O serviço de radioterapia do hospital era dirigido na época pela empresa Unirad.
A Folha não conseguiu contato com nenhum dos sócios da Unirad. Entre eles, está o médico Paulo Eduardo Novaes, que já foi presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia e atualmente dirige a Associação Latino-Americana de Radioterapia Oncológica.

Pacientes
O Ministério Público chegou à conclusão de que o aparelho -um acelerador linear fabricado nos anos 70- estava estragado após ouvir uma funcionária técnica do serviço e dois doentes.
De acordo com os pacientes, em algumas sessões o aparelho não fazia o ruído característico do funcionamento e não se acendia a luz que alerta para a presença de radiação.
Segundo o promotor Cássio Roberto Conserino, a funcionária disse que os médicos da Unirad argumentavam que os pacientes, mesmo não sendo submetidos à radiação, melhorariam no aspecto psicológico.
O Ministério Público também investiga a denúncia de que outro aparelho de radioterapia da Beneficência Portuguesa -uma bomba de cobalto- funcionava com material radiológico vencido.

Danos
Não se sabe se algum doente morreu em decorrência do "simulacro". Cerca de cem pacientes eram atendidos por dia no serviço de radioterapia da Beneficência Portuguesa -a maioria pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e uma pequena parte por planos de saúde.
Segundo a Beneficência Portuguesa, o contrato com a Unirad foi encerrado há 15 dias, após mais de 20 anos de parceria, por causa das supostas irregularidades.
O serviço de radiologia está fechado. Quando for reaberto, após a aquisição de novos equipamentos, será administrado pelo próprio hospital.
A Beneficência Portuguesa diz que está investigando o caso. "Estamos estarrecidos", afirma o diretor técnico do hospital, Mario Cardoso.
O Ministério Público afirma que apresentará ação judicial contra os responsáveis quando concluir as investigações.
(RICARDO WESTIN)


Texto Anterior: Grávidas do RS vão ao Uruguai para dar à luz
Próximo Texto: Prefeitura de SP suspende contrato com frigorífico
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.