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Comércio quer que CPI da Gorjeta devolva verba
Restaurantes dizem que trabalho de deputados foi inconstitucional
Abrasel estima gasto em R$ 500 mil; CPI sugere que os 10% da gorjeta para funcionários sejam incluídos na nota fiscal
RAPHAEL VELEDA
ADRIANO FERNANDES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Bares e restaurantes de
São Paulo questionam a
constitucionalidade da CPI
(Comissão Parlamentar de
Inquérito) da Gorjeta da Assembleia Legislativa e pedem na Justiça que o dinheiro gasto no trabalho seja devolvido aos cofres públicos.
A CPI apresentou sua conclusão na última quinta-feira, após seis meses de trabalho e nove reuniões. Segundo a Abrasel (associação dos
comerciantes do setor), a comissão gastou cerca de R$
500 mil neste período.
A CPI apontou irregularidades no repasse da taxa de
serviço aos funcionários -a
gorjeta- e sugeriu ao governo estadual que obrigue os
estabelecimentos a registrar
os 10% na nota fiscal.
A associação dos bares e
restaurantes move, há três
meses, uma ação no Tribunal
de Justiça do Estado.
"Essa questão deveria, e
está sendo, tratada no Congresso Nacional. Esse dinheiro deveria ter sido gasto em
questões mais importantes,
sob as quais a Assembleia
tem real competência", diz o
diretor jurídico da Abrasel,
Percival Maricato.
A deputada estadual Maria Lúcia Amary (PSDB), que
presidiu a CPI, admite que a
responsabilidade no caso é
federal, mas afirma que os
deputados precisam responder aos apelos sociais.
"Sabemos que não podemos legislar nisso, mas nos
sentimos na obrigação de investigar porque é uma questão que se arrasta há muitos
anos e é sensível ao trabalhador", disse.
"Tanto que encontramos
irregularidades e vamos enviar sugestões ao Congresso
e ao Ministério do Trabalho.
Queremos contribuir para
melhorar a relação de patrões e empregados", disse.
CAMINHO MAIS CURTO
O sindicato dos garçons
afirma que é necessário moralizar o repasse dos 10% e
acredita que as conclusões
da CPI podem ser o caminho
mais curto.
"É uma vitória para os trabalhadores e para os consumidores, que não sabem para onde vão os 10%. Agora, o
relatório será encaminhado
para as autoridades competentes", diz Andréa Heczl,
porta-voz do Sinthoresp.
O comerciante Lindomar
Alves, 62, desconhecia o caminho da gorjeta. "Sempre
preferi dar a gorjeta em dinheiro para o garçom. Mais
por causa da burocracia. Não
imaginava que existissem
patrões capazes de reter este
dinheiro", disse.
Quem recebe os 10% está
dividido sobre a disputa.
Paulo Brás, maître do restaurante Baby Beef Rubaiyat, no
Paraíso (zona sul de SP), defende regras claras para o repasse. "Graças a Deus aqui,
onde eu trabalho há sete
anos, não existe esse problema. O dinheiro nem sobe para o escritório e nós mesmos
[funcionários] dividimos",
conta. "Mas sabemos que é
uma questão complicada.
Muitos bares e restaurantes,
principalmente os menores,
ficam com parte desse dinheiro", afirma.
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