São Paulo, sábado, 30 de novembro de 2002

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SEGURANÇA

Corregedoria investiga o desaparecimento, ocorrido no último dia 18

Carro ligado ao PCC some de delegacia

DO "AGORA"

Em meio ao combate que o Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) vem travando contra o PCC (Primeiro Comando da Capital), um carro apreendido com a mulher de um membro da facção criminosa desapareceu. Na última quarta-feira, o Deic declarou que a organização estava "falida".
Apreendido pela 5ª Delegacia de Roubo a Bancos -que investiga o PCC desde março de 2001-, no último dia 5, o Fiat Uno branco, placa BZO-7196, de Cerquilho (SP), foi deixado na praça Mashiach Now, situada ao lado do Deic. O local é utilizado irregularmente como estacionamento de carros apreendidos e também por veículos da própria polícia.
O Fiat Uno, segundo o delegado Ruy Ferraz Fontes, titular da Roubo a Bancos, pertence a Flávia Oliveira Medina e foi levado para o Deic porque havia a suspeita de que o chassi dele tivesse sido adulterado. Flávia, segundo a polícia, era mulher de Lauro Gomes Gabriel, o Ceará, 40, membro do PCC e apontado como responsável pelo assassinato, em outubro, da advogada Ana Maria Olivatto Herbas Camacho, mulher de Marcola, um dos principais chefes da facção atualmente.
Ceará era irmão de Aurinete Carlos Félix da Silva, conhecida como Netinha e mulher de Cesar A.R. da Silva, o Cesinha, um ex-chefão do PCC que está jurado de morte. Ceará foi morto no começo deste mês, no Brás (centro), e o carro foi apreendido depois de seu assassinato.
O desaparecimento do Uno só foi percebido no dia 18, quando um novo boletim de ocorrência foi elaborado na mesma Delegacia de Roubo a Bancos que o apreendeu.
Na última quarta-feira, a Roubo a Bancos prendeu em Itapecerica da Serra (Grande SP) Eliel Correa da Silva, um suposto matador que era parceiro de Ceará. Ele estava com uma pistola 380 irregular em casa. Silva, de acordo com Fontes, foi quem intermediou a venda do Uno com Ceará.

Corregedoria
O desaparecimento do Fiat Uno foi registrado no dia 18 deste mês. Para evitar que permaneça algum tipo de suspeita sobre o envolvimento de policiais do Deic no sumiço do carro, a Corregedoria da Polícia Civil já foi acionada e deverá receber, na próxima semana, o inquérito do caso.
O delegado operacional da Corregedoria, Marcos Carneiro, confirmou que, logo depois do sumiço do Fiat Uno, o órgão foi acionado pelo delegado Ruy Ferraz Fontes, que enviou um comunicado oficial sobre o ocorrido. "Precisamos eliminar todas as dúvidas", disse Carneiro.
Declarando que o inquérito do desaparecimento do Fiat Uno tem informações sigilosas, o delegado Ruy Fontes não autorizou o acesso aos documentos do caso.
Ferraz disse que um acusado de homicídio, preso nesta semana, negou ter intermediado a venda do veículo a Ceará.
O Deic investigou também o despachante onde foram tirados os documentos do carro desaparecido que, segundo a polícia, foi comprado em um leilão de carros batidos e reformado com peças roubadas.


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