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São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2003

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DANUZA LEÃO

Um castigo justo

Frequentemente me sinto uma verdadeira idiota, sem ter opinião sobre certos acontecimentos, esses sobre os quais todo mundo tem.
Nem sei se o assunto já foi resolvido ou se saiu de moda, mas nunca consegui saber se era contra ou a favor da demarcação das terras indígenas. Quanto à reforma tributária, já queimei minhas pestanas tentando compreender o problema da Cofins -que, aliás, pago regularmente-, mas foi impossível.
Existem temas que basta que se entenda um pouquinho para poder fazer parte da torcida, contra ou a favor, quando vão ser votados no Congresso, mas essa reforma tributária, francamente, é muito para mim. E daqui a pouco vem a reforma política, com voto distrital e tudo; será que até lá terei conseguido entender alguma coisa a mais além da proibição do troca-troca de partidos? Deus é grande.
Outro assunto sobre o qual não consigo me posicionar é a liberação das drogas. Apesar de saber que, se a maconha fosse vendida no botequim da esquina, pagando impostos e tudo, acabariam os traficantes e pelo menos a guerra do tráfico teria fim, mesmo lembrando da Lei Seca, nos EUA, pensando por outro lado -o dos nossos adolescentes-, não consigo, simplesmente não consigo saber se a liberação seria melhor ou não. O mundo está muito complicado para que uma simples mulher tenha opinião sobre tudo o que acontece.
Algumas coisas são fáceis: só um débil mental não percebeu que a ida de Bush ao Iraque para servir peru aos soldados foi uma jogada de marketing primária, visando apenas as eleições do próximo ano. Só que existem mais débeis mentais no mundo do que se pode supor, e a essa altura milhões de americanos do interior dos EUA estão comovidos com o gesto do seu presidente, e talvez por isso ele seja reeleito.
Desde o brutal crime dos adolescentes, a grande discussão é se a idade penal deve ou não ser diminuída para 16 anos. O cardeal já se manifestou, o ministro da Justiça, Hebe Camargo, o rabino Henri Sobel, Zilda Arns e toda a comunidade pensante -ou não- do país. Cada um achou alguma coisa, menos eu. Se com 16 um assassino poderia ser julgado como adulto, por que não os de 15, já que eles também matam? E se estivessem faltando dez dias para chegar à idade permitida pela lei, aí o criminoso poderia se safar?
Fiquei tão chocada com esse crime bárbaro quanto o país inteiro, que de tanto pensar cheguei, enfim, à minha conclusão. Independentemente da idade, de ficar internado três anos na Febem ou 30 anos numa penitenciária, um outro castigo deveria ser dado a esses criminosos, e estou falando especificamente dos estupradores: a castração pura e simples.
O maníaco do parque, os que abusaram de Liana e tantos mais que se vêem nos programas policiais da televisão, todas as tardes, deveriam ser castrados.
Vai ser difícil que isso aconteça: por mais que o mundo tenha evoluído, quem faz as leis ainda são os homens, e neste ponto -sexo- eles são muito solidários. Duvido que haja algum, um só, a favor desse castigo.
Nesse caso, pode-se trocar a castração, que não deixa de ser uma solução civilizada, pela capação, como se fazia no interior em casos semelhantes: sem precisar de processo nem nada, pelas mãos dos próprios parentes das vítimas.
Se isso acontecesse, eu me sentiria mais vingada -mais bem vingada- do que com a pena de morte.


E-mail - danuza.leao@uol.com.br


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