São Paulo, terça-feira, 30 de novembro de 2004

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SAÚDE

Secretaria municipal diz que houve 966 registros no ano passado e aponta tendência decrescente na capital paulista

SP vê menor nš de óbitos por Aids em 15 anos

DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez em 15 anos o número de óbitos por Aids na cidade de São Paulo ficou abaixo de mil casos, o que é considerado um marco pelo programa municipal de combate à doença. A Secretaria Municipal da Saúde divulgou ontem o boletim anual. O "marco" refere-se a 2003, pois os dados deste ano não estão fechados.
Em 1988 houve um total de 874 óbitos em São Paulo. A epidemia explodiu em 1994, com mais de 3.000 mortes, e iniciou uma tendência de queda a partir de 1997, quando começam a ser distribuídos, pelo governo federal, todos os medicamentos contra a doença de graça e para todos os doentes. No ano passado, foram registrados 966 óbitos na capital paulista.
"Há tendência de queda que não vem se revertendo", diz Kátia Cristina Bassichetto, coordenadora de vigilância em saúde da secretaria. Segundo ela, mesmo com a revisão dos óbitos feita permanentemente, dificilmente o registro de 2003 superará mil casos.
O município anotou até hoje 58,6 mil casos da doença desde 1980, ou 18% do total do Brasil.
O Ministério da Saúde disse que os registros nacionais de óbitos passam por revisão, mas que as taxas de mortalidade vêm decrescendo desde a introdução do coquetel de remédios. Chegaram a cair 54% no Sudeste. A pasta divulga novos dados nesta semana, em que é comemorado o dia mundial de combate à doença.
A taxa de mortalidade por 100 mil habitantes na cidade passou de dez, em 2002, a nove, em 2003, mantendo tendência de queda. A diminuição da incidência da doença (novos casos) também se mantém: foram 25 por 100 mil habitantes em 2003 e 31 em 2002.
A velocidade da queda do número de casos novos é menor entre as mulheres. A ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou que na América Latina e no Caribe as mulheres são o segmento com o maior crescimento da infecção pelo HIV e fez um apelo para que "novas medidas sejam urgentemente adotadas".

Leitos
A secretaria listou programas como distribuição de camisinhas como razão para o desempenho. Segundo a coordenadora-geral do programa de Aids, Maria Cristina Abbate, o número de preservativos masculinos distribuídos deve chegar a 17 milhões neste ano, contra 1 milhão em 2000.
O secretário municipal da Saúde, Gonzalo Vecina Neto, contestou críticas das ONGs que representam portadores do HIV sobre a falta de leitos hospitalares para Aids em São Paulo. Segundo ele, não há embasamento científico.
Em 2003, a comissão municipal de DST/Aids apontou falta de 94 vagas de internação. Pacientes esperavam em macas. Segundo a comissão, a gestão Marta Suplicy (PT) entregou só 20 leitos. Segundo Vecina, estudo patrocinado pelo ministério verificará a necessidade da cidade. (FABIANE LEITE)


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