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Ministro não quis quebrar patente, diz gestão antiga
DA REPORTAGEM LOCAL
Os ex-coordenadores do Programa Nacional de DST/Aids do
Ministério da Saúde Paulo Teixeira e Alexandre Grangeiro disseram ontem que as patentes de
medicamentos de Aids só não foram quebradas no fim do ano
passado porque o ministro Humberto Costa (Saúde) não quis.
"A proposta havia sido discutida no grupo técnico que envolve
os ministérios das Relações Exteriores, do Desenvolvimento, mais
o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual. O grupo técnico
tinha aprovado, toda a documentação estava pronta. A decisão era
para os ministros, e, antes que ela
estivesse encaminhada, o ministro [Costa] resolveu que não deveria, que valeria a pena aguardar
a produção do medicamento nacional", afirmou Grangeiro.
Segundo o ex-coordenador, a
quebra de patentes se daria para
trazer o medicamento nelfinavir a
preços mais em conta da Índia,
onde já é copiado.
Teixeira, que acompanhou o
processo pela Organização Mundial da Saúde (OMS), diz acreditar que Costa preferiu uma postura "mais branda". Teixeira está
cotado para assumir a área relacionada aos programas contra a
Aids na gestão José Serra (PSDB)
na Prefeitura de São Paulo.
Por meio de sua assessoria, Costa afirmou que a quebra era a última alternativa e que não ocorreu
porque as negociações com os laboratórios foram vantajosas. Destacou que a legislação que permitiria a importação da Índia foi
aprovada em sua gestão. Segundo
a assessoria, ocorreu uma economia de R$ 299 milhões.
Os dois ex-coordenadores afirmaram ontem que discordam da
avaliação do atual titular da área,
Pedro Chequer, sobre as negociações de preços de remédios.
Em entrevista à Folha, Chequer,
que assumiu há três meses, afirmou que a política dos últimos
anos, centrada na redução direta
de preços, sem o desenvolvimento da indústria nacional das drogas, levou o programa de distribuição de remédios a um situação
de quase insolvência.
Chequer também colocou que,
se não for iniciada a produção nacional das drogas, pode haver um
colapso no programa, que atende
hoje mais de 100 mil pacientes.
"Eu discordo", afirmou o ex-coordenador Paulo Teixeira.
"Não tenho dúvidas de que a política foi agressiva e vantajosa. Em
relação a quebra de patentes [dos
medicamentos], não houve oportunidade porque as negociações
foram satisfatórias."
O Ministério da Saúde divulgou
ontem uma nota em que assegura
a continuidade da distribuição
gratuita de medicamentos para as
pessoas com Aids.
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