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Estupro de mulher em cela foi filmado, dizem deputados
Parlamentares suspeitam que imagens sejam de L., menor violentada em prisão no Pará
Cópia da gravação estaria sendo vendida por R$ 100; Zenaldo Coutinho, Luiza Erundina e Elcione Barbalho assistiram a trecho
LEILA SUWWAN
ENVIADA ESPECIAL A BELÉM
Deputados federais, integrantes da comissão externa da
Câmara que visitou na quarta-feira o Pará, afirmaram ontem
ter assistido a uma gravação,
feita por celular, que mostra
uma mulher -suspeitam que
seja L., 15- sendo violentada
dentro da cela da delegacia de
Abaetetuba (PA).
Para os parlamentares, as
imagens comprovam que a violência sexual foi perpetrada por
vários detentos, sistematicamente e de forma explícita e
com possível conivência de autoridades. As imagens estão
sendo analisadas para confirmar a identidade da vítima.
Os deputados -Zenaldo
Coutinho (PSDB-PA), Luiza
Erundina (PSB-SP) e Elcione
Barbalho (PMDB-PA)- assistiram a um curto trecho e se disseram chocados. Segundo o relato deles, a gravação mostra
uma mulher nua, dentro do banheiro da cela da delegacia. Em
seguida um dos presos entra, a
vira de costas e tem relação sexual com ela. Outro preso aparece na imagem abrindo as calças e avisando que seria o próximo.
"Não tenho dúvida de que era
ela. Pelo corpo pequeno e magro e os cabelos curtos, cortados", disse Luiza Erundina, ex-prefeita de São Paulo, a respeito da gravação. "A cela é sem
sombra de dúvidas a da delegacia de Abaetetuba", afirmou Elcione Barbalho. "É escandaloso, animalesco, dantesco", disse Coutinho.
A menina L. foi mantida numa cela com cerca de 20 homens por 26 dias. Detida por
tentativa de furto, a polícia diz
que ela, ao ser presa, afirmou
ter 19 anos. Ela nega.
O telefone celular com a gravação, um Motorola V3, foi
confiscado por Elcione Barbalho, que está providenciando a
identificação definitiva da menina que aparece na imagem.
Os deputados tiveram acesso
às imagens após um assessor da
deputada, que foi a Abaetetuba
buscar informações sobre o caso, localizar um homem que estava vendendo as gravações. O
assessor disse que a cópia era
oferecida por R$ 100. Uma cópia também foi enviada ao Ministério Público para apuração.
Os deputados suspeitam que
a gravação foi feita por um policial e posteriormente retransmitida ao celular apreendido.
A Folha descreveu ontem
outro caso de uma suposta violação. Uma detenta do presídio
feminino de Ananindeua, recém-chegada de São Miguel do
Guamá, relatou que uma mulher portadora de deficiência
mental foi estuprada por diversos presos na cela masculina e
que um policial teria filmado.
A assessoria de imprensa da
Secretaria de Segurança disse
que espera a perícia para abrir
os inquéritos sobre a gravação.
A governadora Ana Júlia Carepa (PT) reconheceu a gravidade da situação e alegou problemas "estruturais" e "culturais".
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