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Prefeitura de SP admite falta de controle com "cheque-despejo"
Gestão Kassab não sabe destino de beneficiados
RAFAEL TARGINO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria Municipal da
Habitação de São Paulo não
tem controle do lugar para onde vão as famílias após receber
o "cheque-despejo" -ajuda financeira dada pela prefeitura
às famílias que deixam áreas de
risco- e admite que parte volta
para áreas de risco.
A gestão Gilberto Kassab
(DEM) diz, porém, que as famílias que receberam o dinheiro
uma vez não podem receber de
novo. Isso vale apenas para
aquelas que receberam nesta
gestão, já que o cadastro não
abrange governos passados.
O sistema não consegue bloquear, também, o recebimento
por outro membro da família.
O secretário municipal da
Habitação, Orlando de Almeida
Filho, disse que desde 2005 o
governo tenta evitar esse retorno combatendo novas invasões, mas em algumas áreas
-como na Casa Verde (zona
norte)- a situação fugiu do
controle da prefeitura.
Essa falta de controle, segundo o Ministério Público, é um
dos motivos que levaram ao
surgimento da indústria de falsas favelas. Falsos moradores
invadem áreas que estão prestes a ter barracos removidos
com o intuito de receber a ajuda de custo de até R$ 5.000.
O promotor José Carlos de
Freitas, da Habitação, investiga
essa suposta fraude. Há a suspeita, inclusive, de participação
de servidores municipais.
O governador José Serra
(PSDB) disse ontem que a prefeitura precisa combater essa
fraude, organizada por "quadrilhas". "Isso tem que ser combatido, senão vira uma indústria
da invasão", afirmou o tucano.
O prefeito Gilberto Kassab
(DEM) também falou em combate, mas não disse como.
Almeida Filho admite que os
R$ 5.000 doados pelo município como ajuda às famílias são
insuficientes para a compra de
ao menos um terreno em São
Paulo. E aconselha: "Há pessoas que retornaram aos seus
locais de origem. Com R$ 5.000
ela compra um lote, faz uma
construção embrionária e passa a morar com mais qualidade
de vida. Planta alguma coisa no
terreno, cria alguma coisa. Aqui
ela não consegue, aqui em São
Paulo, nem no interior consegue. Mas no interior, por exemplo, de Alagoas, R$ 5.000 o fulano vive lá um monte de tempo."
Para a Promotoria, essa declaração passa a impressão de
haver uma política habitacional "higienista", que tira pessoas pobres dessas áreas -entregues depois para exploração
do mercado imobiliário.
Desde 2005, a prefeitura já
gastou R$ 52,3 milhões para
atender 12 mil famílias com o
"cheque-despejo". Em São
Paulo, 3,4 milhões de pessoas
moram em cortiços, áreas irregulares e em favelas.
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